– Evento ocorreu na Praça Cleriston Andrade, dias 25 a 27, com caravanas de 21 Territórios de Identidade e participação de produtores, técnicos e agentes públicos –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade*
Fortalecer as cadeias de produção agroecológica no estado da Bahia, foi um dos principais objetivos do evento, que reuniu diferentes gerações de pessoas que adotaram os fundamentos e princípios da produção agroecológica, garantindo segurança alimentar e nutricional
Marco para o fortalecimento da agroecologia no estado, o evento teve como tema central, “Do chão que pisamos ao território que sonhamos: agroecologia contra a crise climática” e contou com apoio do Governo da Bahia, para uma programação diversificada, incluindo feira de sabores e saberes, rodas de conversa, troca de experiências e apresentações culturais.
As atividades evidenciaram a força de uma rede que cresce e transforma realidades em diferentes territórios do estado.

Presente no encontro, o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Jeandro Ribeiro, destacou a agroecologia como uma estratégia essencial para a produção de alimentos saudáveis e o fortalecimento da agricultura familiar.
“Foi um grande encontro, com debates intensos sobre a produção de alimentos saudáveis, algo que só a agroecologia, por meio da agricultura familiar, é capaz de promover. Essa é uma rede formada por pessoas com a dádiva de produzir respeitando o meio ambiente, a economia e as pessoas. Aqui na Bahia, a Rede Povos da Mata lidera esse movimento de forma exemplar”, afirmou.

Para Paula Silva, uma das mais importantes lideranças do movimento da Rede Povos da Mata, o encontro simboliza uma década de construção coletiva. “Estamos realizando nosso 4º encontro, que representa tudo o que conquistamos nesses 10 anos. Consolidamos o processo de certificação participativa, empoderamos mulheres, fortalecemos a produção de alimentos orgânicos e saudáveis. Produzimos saúde, equidade de gênero, transição geracional e autonomia. Nossa rede está viva, presente em 21 territórios, com 150 grupos organizados, e contou com a presença de 16 caravanas em Irecê”, ressaltou.
A CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), é parceira da Rede na execução do projeto Agroecologia em Rede – Mais Alimentos, Mais Vida, que já certificou mais de mil agricultores com o selo de produção orgânica. A iniciativa também prevê o fortalecimento de 700 unidades produtivas e a consolidação de 24 agroindústrias agroecológicas em diversas regiões da Bahia.
Além da certificação, o projeto promove assistência técnica especializada, capacitações, apoio à comercialização e estruturação de cadeias produtivas, com foco em boas práticas agrícolas, beneficiamento e valorização dos produtos da agricultura familiar.
Com ações como essas, a agroecologia vem se consolidando como uma alternativa estratégica para o enfrentamento da crise climática, a promoção da soberania alimentar e o fortalecimento da vida no campo.
UM POUCO DE REMINISCÊNCIA
Ainda na década de 80, estudantes da então Esagri-Escola Agrícola da Região de Irecê, hoje CETEP – Centro Territorial de Educação Profissional, que ousaram em criar o GARRA – Grupo de Apoio Resistência Rural e Ambiental e em seguida o Ipeterras – Instituto de Permacultura em Terras Secas, que, por gerações, agiram na formação de uma nova consciência na lida com as atividades do campo, influenciando, diretamente diversas famílias produtoras, que hoje compõem um revolucionário movimento chamado Rede de Agroecologia Povos da Mata, contando, há 10 anos, com centenas de unidades produtivas, agroindústria, feiras de orgânicos e uma cooperativa, uma cadeia organizada que consolida a região de Irecê como uma das mais importantes na produção agroecológica, o que influenciou, inclusive a criação e implantação do curso em agroecologia na Uneb – Campus XVI – Irecê-BA.
(*) Parte das informações da Ascom/CAR