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Na solidão de uma janela qualquer

REDATOR by REDATOR
30 de agosto de 2022
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– Coube, ao Professor/Doutor da Universidade de Goiás, João Paulo, fazer a resenha da mais nova obra do também professor psicanalista Alan Machado, natural da cidade de Uibaí, articulista eventual do Cultura&Realidade –

 “Calhou-me, ao ler a obra de Machado, de também tatear um material sociológico sobre as sensibilidades contemporâneas e os mal-estares do nosso tempo.  Isolamento, perda e solidão são questões universais, sem dúvida; porém, elas são provadas, compreendidas e significadas de formas distintas pelos povos e indivíduos ao longo do tempo…”

DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade/Resenha por João Paulo de Paula Silveira*

Isolamento é o título da última obra do escritor, professor universitário e psicanalista Alan Machado. Baiano radicado em Goiás, Machado apresenta aos leitores uma coletânea de crônicas e contos escritos a partir da segunda metade da década de 1990 e ao longo das duas últimas décadas.  Seu texto é carregado de experiências de solidão, intimidade, distância, indignação, atenção aos meandros psíquicos, mas também de vivências solares temperadas com ironia, humor e acerbidade. Como artefato de imaginação artística, Isolamento é uma caminhada literária rápida pelos desassossegos da vida na modernidade tardia, com todas suas contradições, medos, raivas populares, gozos e potências. Elas são também produto de uma relação pessoal com a escrita e com as palavras que conjuram os vultos que fermentaram o entendimento de mundo do autor, entre eles Nietzsche, Nelson Rodrigues, Camus e Heráclito.

Se a condição de solidão figura em grande parte da obra, a começar por “Tão fugaz quanto um sonho bom”, ela não é um véu assustador, mas condição de adensamento da experiência. Sem qualquer espaço para redenções e saídas moralizantes, a solidão é encarada como o lugar de alquimia que transmuta memória em um lamento, mas também em sorriso maduro que emaranha gozo e perda.  É na solidão de uma janela qualquer, por exemplo, que se contempla, na crônica “Urubus”, a força impiedosa da morte que faz da ave preta, altiva – embora injustiçada – o avatar do inescapável perecimento.  Não há na prosa do autor qualquer expectativa de atracar em um porto ou noutra fábula de inteireza qualquer. 

Calhou-me, ao ler a obra de Machado, de também tatear um material sociológico sobre as sensibilidades contemporâneas e os mal-estares do nosso tempo.  Isolamento, perda e solidão são questões universais, sem dúvida; porém, elas são provadas, compreendidas e significadas de formas distintas pelos povos e indivíduos ao longo do tempo. Ao atravessar grande parte da obra, a solidão se apresenta de várias maneiras, todas elas características de um momento em que a condição de sujeito solitário parece mais incômoda por dificilmente ser mitigada pelos emplastros de sempre, embora não falte quem os venda em igrejas, consultórios e através de terapias duvidosas. Tais curas com pretensões definitivas, aliás, são divertidamente rechaçadas no pequeno conto “Cinza das Sombras”, com direito a sopapos e a uma dose de absurdo. Em Isolamento, a solidão é o desterro inescapável da alma moderna, um adversário abismal mais forte contra o qual é preferível se assumir como um perdedor honrado e zombeteiro do que desperdiçar o tempo no embate infértil.

Os contos “Inimigos da paciência”, assim com as crônicas “Os outros, o inferno”, “Não vai ter copa”, “Sobre vaias e insultos” e, principalmente, “A sociedade canina de classes” ofertam o vislumbre das diferentes fases da imaginação de Machado diante das questões políticas e sociais de nosso tempo. Farejei ao longo das páginas, com os cães do conto do escritor baiano, mutações na percepção política do outrora contumaz frequentador do Café Central, na downtown goianiense. Escritas em momentos diversos – “Os outros, o inferno” veio ao mundo em 1996 -, cada uma delas tematiza o cotidiano afetado pelos ritmos na virada do século e em suas primeiras décadas. Cada linha testemunha um país que muda, que patina, que inventa moralismos e segue uma caminhada, muitas vezes em atmosfera conservadora malsã, que precariza a vida do sujeito trabalhador ao ponto de fazer sua miséria alcançar até mesmo o estômago dos seus cachorros – há os cachorros dos pobres e coitados, mas há os pets privilegiados que ingerem, hoje, mais proteínas do que uma mãe ou um pai de família!

Não poderia ainda deixar de dizer que o texto de Machado é despretensioso e carregado de cotidianos, como em “Surpresas do Trecho”, crônica em que o autor compartilha, num átimo, sua andança por Iporá, cidade onde escolheu viver. Ser despretensioso é uma qualidade que nem sempre interessa a uma época cuja mania de grandeza acometeu até o mais tolo do quarteirão com um celular nas mãos. Nesse plano, o cotidiano é o alívio prodigalizado pelo corriqueiro que, ao contrário do que imaginamos, encerra as riquezas e dores sobre as quais valem a pena pensar e escrever. A prosa de Machado é tranquila, ensaboada e com uma ou outra dose de zombaria. Merece ser lida com o mesmo espírito.

(*) – Professor do Curso de História e do Programa do Programa de Pós-Graduação em História da UEG, Doutor em Sociologia.

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