– “E aí meu amigo, como vai?”… “Firme e forte igual jegue do norte!”, diálogos como este, enaltecendo os jumentos, animal bastante simbólico para os sertanejos, justificam a frente de lutas contra o abate dos jumentos –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
“Abate de jumentos X saúde pública” é o tema da audiência pública que será realizada nesta quarta-feira, 17, às 10h, na Sala das Comissões Herculano de Menezes, da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), realizada pela Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Alba, por iniciativa do deputado estadual José de Arimateia.
Com a hashtag #NaoAoAbateDeJumentos, se intensifica nas redes sociais a campanha para se por um fim ao abate dos jumentos, o que vem crescendo para alimentação humana.
Em seu conteúdo de mobilização, a mídia informa: “os jumentos estão sendo dizimados em função do abate e precisamos de toda ajuda possível para combater este extermínio, evitar sua extinção e alertar a população quanto ao risco sanitário desta matança”
O evento vai ser transmitido pela TV ALBA: www.facebook.com/tvalba/
DOSSIÊ REVELA BARBÁRIE
Um dossiê está circulando em diversos meios de comunicação, contextualizando os maus-tratos pelos quais os jumentos estão passando. O documento registra reportagens e movimentos oficiais e clandestinos que estão ocorrendo para estabelecer a “culturação” do abate dos jumentos e especialmente os maus-tratos a que os animais estão sendo submetidos.
De acordo com o docimento, “no dia 30 de outubro de 2018, após denúncias, a polícia apreendeu caminhões carregados de jumentos, descarregando na Fazenda Vitória, situada no Distrito de Bandeira do Colônia, pertencente ao município de Itapetinga, animais sem informações sobre sua origem e caminhões sem GTA – guia de trânsito animal. Durante o trajeto até a referida fazenda, vários animais foram abandonados, alguns mortos e outros ainda vivos em agonia. Às margens da BA 263, que dá acesso à fazenda Vitória, também foram encontrados cadáveres de jumentos. Na fazenda os animais estavam confinados em espaço inadequado, sem água e comida”.
Diz ainda que “o delegado titular de Itororó, Frank Nogueira, informou que os jumentos mortos estavam em um caminhão que saíra quatro dias antes de Pernambuco pegando pequenas quantidades de animais pelos locais por onde passava. Os animais, que não tinham GTA para o transporte, estavam sendo levados para uma fazenda em Itapetinga e de lá sendo encaminhados para o Frigorífico Sudoeste, onde os abates de jumentos ocorrem desde agosto de 2018. O motorista do caminhão Fabian Cleber Silva Bahia disse, segundo o delegado, que saía recolhendo os animais onde eles estivessem e que não tinha contato prévio. “Ele saía catando mesmo por aí e botava no caminhão”, explicou. A polícia chegou até o caminhoneiro após um popular vê-lo jogando os jumentos mortos na beira da estrada – há animais adultos e filhotes. “O caminhoneiro responderá por maus-tratos”, afirmou o delegado”.
O dossiê também denuncia uma situação ocorrida em uma cidade da região Nordeste da Bahia, quando “cerca de 800 jumentos foram encontrados em uma pequena área próxima à cidade de Euclides da Cunha. A maior organização de proteção animal no Brasil, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), conseguiu a guarda oficial desses animais, no dia 6 de fevereiro de 2019, após uma audiência com partes interessadas, solicitada pelo Ministério Público.
A estimativa inicial era de 800 animais apreendidos. Durante a coleta de sangue da ADAB, foram contados 694. O número foi sendo reduzido até os 138 animais que continuam sob tutela do FNPDA (dados de julho de 2021).
Até a pouco tempo um símbolo de resistência e de suporte aos sertanejos, bastante utilizados como meios de transportes e apoio nas atividades agrícolas, os animais estão sendo dizimados com atos de crueldade e por perversidade, aponta o dossiê que trás importantes informações quanto à prática de abate para fins comerciais e extermínio.
FRENTE DE DEFESA DOS JUMENTOS
A situação se tornou tão crítica, que os amantes dos jegues e das jegas criaram a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos. Trata-se de um Movimento constituído por organizações de defesa dos direitos dos animais, ativista pelos animais e profissionais de diversos campos de atuação. Foi criada em 2016, por Gislane Junqueira Brandão, Joice de Medeiros e Elizabeth MacGregor, após a publicação da Portaria nº 255, de 06.07.2016, expedida pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), que tratou sobre o abate de jumentos e seu objetivo consiste em acabar definitivamente com tal abate e em proteger a sua integridade física e psíquica dos jumentos.
“Diversas ações já foram movidas contra o abate clandestino e contra a legalização do abate”, disse Aulus Teixeira, membro da frente, que vai estar em Salvador, nesta quarta-feira, participando da audiência pública presencialmente. “Como uibaiense, ireceense, baiano, sertanejo e membro do Elo Animal da Rede Sustentabilidade, não poderia esta ausente deste momento bastante significativo para a defesa da vida dos jumentos”, disse Aulus, ao site Cultura&Realidade.