– Os desafios da bovinocultura do leite na Bahia, são temas de audiência pública realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, onde o deputado Ricardo Rodrigues debateu o tema –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
“Capacidade técnica e condições para produzir leite bovino, a pecuária baiana tem demonstrado, mesmo em situações adversas, como a crise hídrica que assolou o semiárido no último ano/safra, principalmente as regiões norte e noroeste da Bahia, onde se encontra a região de Irecê”, disse o deputado.
De acordo com ele, os criadores tem investido em tecnologia e recebido assistência técnica, estabelecendo novas realidades produtivas no campo. Entretanto, a logística de distribuição e as condições de mercado ainda são graves barreiras que afetam o desenvolvimento da atividade “e este ano a situação é ainda mais complicada, em razão da seca e da importação do leite da Argentina e do Uruguai, que tem prejudicado os negócios do leite em todo o País”, pontuou o deputado.

Para tratar deste e outros temas de interesse do setor, as comissões de Agricultura e Política Rural e a de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, realizaram audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, na manhã desta terça-feira, 18, com participação de organizações do segmento pecuário do Estado, a exemplo do vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínio da Bahia (Sindileite), Paulo Cintra, o assessor do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) Adauto Liberato, o presidente da Associação dos Produtores de Leite da Bahia, Danilo Reis, e o diretor da Coopag Alimentos, Fred Jordão e do secretário de Agricultura Pablo Barrozo.
O evento foi aberto pelo vice-presidente da Comissão de Agricultura, deputado Ricardo Rodrigues (PSD), que entregou a condução ao deputado proponente, Eduardo Salles (PP), também presidente do colegiado de Infraestrutura.
De uma forma geral, produtores de leite acusam um acumulo de perdas nos últimos anos por conta do aumento da exportação de leite em pó advindo da Argentina e do Uruguai, vendido a preço abaixo do que é praticado nos países de origem.
Segundo os produtores, a situação tem impactado severamente na cadeia leiteira do estado, associando-se à diferença de câmbio monetário; às dificuldades de produção de leite na região do semiárido nordestino, que elevam os gastos; à venda, no mercado, de produtos análogos ao leite sem o devido controle; à venda de leite e laticínios clandestinos de outros estados, sem fiscalização; a políticas de vantagens de ICMS para a cadeia leiteira de outros estados; e à ausência de políticas para o setor, que é um dos maiores empregadores do estado, atrás apenas da construção civil.
Vale ressaltar que a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) denunciou ao governo federal a prática de dumping na exportação de leite em pó da Argentina e do Uruguai para o Brasil, vendendo o produto a preço mais baixo do que o valor de mercado nos países de origem. Segundo a Confederação, a prática tem pressionado o preço do leite no mercado brasileiro, criando uma crise no setor.
O secretário estadual de agricultura, Pablo Barrozo, destacou que a equipe da Seagri está debruçada sobre a questão. “Existe uma queda no preço do leite, e isso faz com que as pessoas tenham acesso melhor ao produto. Mas isso não pode prejudicar toda uma cadeia, as agroindústrias. A gente tem que achar um equilíbrio”, disse o secretário, lembrando que é necessária uma medida urgente para resolver o problema da importação de leite e que ele já tratou do assunto com o governador.
Pablo ressaltou que o Estado tem interesse em resolver a demanda no mais breve tempo possível. “Temos urgência de nos posicionar, de achar o equilíbrio, algo que a gente possa, enquanto Estado, realmente tomar as devidas providências”, afirmou, apontando que a solução pode ser legislativa, precisando de aprovação na Assembleia.
Entre os encaminhamentos resultantes da audiência, o deputado Eduardo Salles disse que “o tema é bastante espinhoso” e que é preciso tomar medidas urgentes, antes da safra do leite, que acontece no início do próximo ano, para que os preços não caiam para abaixo dos R$ 1,60 praticados atualmente, sendo que o preço mínimo para a sustentabilidade do setor seria R$ 2,20.
Salles disse que ofício será encaminhado ao Ministério da Agricultura, cobrando a suspensão imediata da importação do leite em pó durante um período de 45 dias, para não criar um caos durante a safra. Segundo ele, é preciso tratar o assunto como social e de empregos, pois gera mais 600 mil postos de trabalho na Bahia.







