– A crise climática do centro norte baiano, em especial da região de Irecê, foi o tema principal de audiência pública realizada na Câmara Federal, nesta terça-feira, 23, em Brasília (DF) onde o deputado estadual Ricardo Rodrigues fez cobrança enérgica ao governo federal, visando suporte emergencial e ações estruturantes –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
O deputado estadual Ricardo Rodrigues capitaneou uma comitiva com sete prefeitos, para debater os “Efeitos danosos da seca na região de Irecê”, tema da audiência pública realizada no plenário 9 da Câmara Federal, em Brasília (DF), pela Comissão de Prevenção a Desastres Climáticos, presidida pelo deputado federal Leo Prates (PDT).
Acompanhado dos prefeitos Márcio Messias (Lapão) que também é o presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Território de Irecê, Carlan Novais (Cafarnaum), Afonso Mendonça (Ibititá), Evilázio “Dadê” Joaquim de Oliveira (Barro Alto), José Wilker “Iko” Alencar Maciel (Central), Matheus Machado (São Gabriel e Rallber Vieira de Souza (Ibipeba) o parlamentar fez um discurso enérgico, na defesa dos interesses emergenciais da região.
A safra agrícola 2024/2025, das culturas de sequeiros, foi totalmente dizimada pela estiagem, a mais severa dos últimos 40 anos. De acordo como o deputado, os produtores plantaram nas primeiras chuvas, 160 mil hectares e perderam tudo. Veio uma expectativa de chuva em janeiro, os produtores que ainda tinham alguma condição plantaram mais 60 mil hectares e perderam tudo novamente.


“A SECA, A SEDE E A FOME NÃO ESPERAM A BUROCRACIA”
“Nós fizemos uma audiência pública em Irecê, por ocasião da Expoagri, que foi histórica e em seguida fomos atendidos em Brasília, pelo nosso ministro Carlos Fávaro… Quero dizer a todos vocês que a seca, a fome e a sede não esperam a burocracia do sistema. De lá para cá, desde abril que todos os municípios da região de Irecê decretaram situação de emergência, que foram homologadas pelo governo do estado e pelo governo federal e até o momento estamos lá sem nenhum apoio e sem numa assistência. Estamos vivendo a maior seca dos últimos 40 anos. Lá é praticamente tudo agricultura familiar. Em outubro plantamos 130 mil hectares de milho e 30 mil hectares de feijão. Perdemos 100% destas plantações. Voltou a chover em janeiro e aquele produtor que ainda tenha uma condição vendendo seu carro, sua bicicleta… porque o povo lá o povo é aguerrido e trabalhador, que acostumou a acordar cedo para trabalhar, desfez do que tinha e voltou a plantar. E pela segunda vez, seguida, perdemos a safra, agora de 60 mil hectares de milho… não tivemos nem a palhagem para alimentar o rebanho de pequeno, médio e grande porte. Tá tudo morrendo de fome! Os pecuaristas estão dando o seu rebanho na meia porque não tem como salvar”, disse o deputado cobrando urgência nas medidas de emergência para salvar os rebanhos da região.
“Em abril, quando aqui estivemos aqui pedindo socorro, na época o milho estava custando na Conab, R$ 95,00… pedimos uma ajuda no preço do milho e o nosso ministro na boa vontade, falou em alto e bom som: ‘nós temos recursos do ministério e vamos subsidiar o frete do milho’, o que reduziria R$ 30 no valor do milho, mas nada aconteceu até agora. Queremos que todos se sensibilizem para vencer a burocracia, porque os decretos de emergência ocorreram em abril, são seis meses, quem está com fome e sede não pode esperar tanto tempo pela burocracia… a situação é tão crítica que a barragem de Mirorós está com apenas 10% da sua capacidade, queremos a interligação de bacias, e assim perenizar o Rio Verde e reforçar a Adutora do São Francisco. Nossa região já produziu para alimentar brasileiros de todo o País e agora estamos aqui pedindo socorro, para que nem as pessoas nem os animais morram de fome”. Disse.
Em Brasília, a comitiva reivindicou as medidas emergenciais e também obras estruturantes. “Não levamos apenas a pauta da pior seca dos últimos 40 anos na nossa região para ser discutida. Nós colocamos o Semiárido baiano no centro do debate nacional. Percorremos ministérios, cobramos soluções urgentes e defendemos a recuperação da Barragem de Mirorós como questão de sobrevivência”, destacou o parlamentar, em suas redes sociais.