– A intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas em São Paulo é um alerta para todo o Brasil. Laboratórios clandestinos distribuem destilados adulterados, com características e embalagens idênticas às originais –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade*
Um surto de intoxicação por metanol tem preocupado autoridades de saúde pública em várias regiões do Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, até o início de outubro, 24 casos já tinham sido confirmados, com cinco mortes registradas no estado de São Paulo. Além disso, existem outras ocorrências que seguem sob investigação, acendendo um alerta sobre o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
A principal suspeita recai sobre destilados produzidos e comercializados de forma clandestina, que podem conter metanol, um tipo de álcool industrial altamente tóxico e invisível a olho nu. Segundo especialistas, o metanol não possui odor, cor ou sabor que permita sua identificação em bebidas, o que torna seu consumo ainda mais perigoso.
Ao ser ingerido, o metanol é metabolizado pelo organismo e transforma-se em substâncias tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico. Esses compostos atacam o sistema nervoso central e o nervo óptico, podendo causar sintomas graves como náuseas, tontura, dor abdominal, visão turva, cegueira irreversível e até a morte, dependendo da quantidade consumida e do tempo até o atendimento médico.
Diante da gravidade dos casos, o Ministério da Saúde oficializou a Sala de Situação Nacional para monitorar as intoxicações e distribuiu estoques emergenciais de antídotos no SUS, especialmente nos estados mais afetados. Os tratamentos incluem o uso de etanol farmacêutico ou fomepizol, além de medidas para corrigir o metabolismo e em casos mais graves, hemodiálise.
A falta de fiscalização adequada e a circulação de bebidas adulteradas no comércio informal, dificultam o combate à prática criminosa. Muitos consumidores, atraídos por preços baixos, acabam adquirindo produtos sem procedência ou com rótulos falsificados.
Autoridades reforçam o alerta: a população deve evitar o consumo de bebidas destiladas cuja origem não possa ser comprovada e denunciar locais suspeitos. Em caso de sintomas após ingestão de álcool, o atendimento médico deve ser imediato, com relato da possível exposição ao metanol.
Enquanto as investigações continuam para identificar as fontes e os responsáveis pela adulteração, especialistas alertam que este tipo de intoxicação pode se repetir se não houver controle mais rígido e ações de conscientização.
(*) Fontes: BBC Brasil, G1 – Saúde, CNN Brasil, Diário de Pernambuco