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O perigo da obediência cega

REDATOR by REDATOR
20 de fevereiro de 2021
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*Arlicélio Paiva

O psicólogo Stanley Milgram nasceu em Nova Iorque em 1933 e ficou conhecido pelos seus experimentos relacionados à obediência das pessoas às autoridades. Milgram era bacharel em Ciências Políticas e PhD em Psicologia Social. Um dos seus experimentos mais conhecidos foi conduzido na Universidade de Yale em 1961, onde ele trabalhava na época.

Incomodado com as justificativas do criminoso nazista Adolph Eichmann, na ocasião do seu julgamento por crimes de genocídio cometidos durante a Segunda Guerra Mundial, alegando que “estaria cumprindo ordens superiores”, Milgram conduziu um experimento para avaliar o conflito entre a obediência cega a uma ordem de uma autoridade e a capacidade de discernimento das pessoas.

Para desenvolver a experiência, Milgram publicou anúncio em um jornal, convidando 40 voluntários do sexo masculino, com idades variando entre 20 a 50 anos. Cada pessoa recebeu a quantia de U$ 4,50 pela sua participação. Milgram sonegou os seus reais interesses e informou aos voluntários de que o experimento tinha como objetivo estudar os efeitos da punição na capacidade de aprendizagem.

O estudo consistiu em um voluntário desempenhar o papel de um “professor”, enquanto outro seria o “aluno”. Cabia ao “professor” fazer perguntas ao “aluno” e, quando ele errasse a resposta, receberia um choque elétrico como punição. Na realidade, todos os voluntários desempenharam apenas o papel do “professor”. O “aluno” era sempre o mesmo – um auxiliar de Milgram que supostamente recebia os choques elétricos. Para que o “professor” tivesse noção das intensidades dos choques, cada um recebeu um choque de 45 volts. Esse foi o único choque ocorrido no experimento, já que o “aluno” fingia receber os choques.

 O “professor” ficava em uma sala onde havia um gerador de choques elétricos e o “aluno” permanecia em outra sala onde não era visto pelo “professor”, embora pudesse ser ouvido por ele. Para a primeira resposta errada, o “aluno” recebia um choque de 30 volts. O incremento de tensão elétrica entre respostas erradas era de 15 volts, até chegar ao valor máximo de 450 volts. Além das intensidades dos choques estarem registradas numericamente, os interruptores comandados pelo “professor” eram assinalados também com faixas de intensidade de choques – “leve”, “moderado”, “forte”, “muito forte”, “perigo: choque grave” e, por fim, “sinistro”.

O “aluno” foi orientado a reagir toda vez que recebia um choque: começar a reclamar a partir de 120 volts, pedir para parar a 150 volts, gritar e demonstrar agonia e reclamar de dor no coração a 285 volts e ficar em silêncio a 330 volts. O “professor” era orientado a entender o silêncio como uma resposta errada e, portanto, deveria aplicar o próximo nível de choque.

Durante o experimento, alguns voluntários que faziam o papel do “professor” queriam desistir da experiência, mas eram convencidos a continuar, com alegações do tipo: “Por favor, continue!“, “O experimento requer que você continue!“, “É absolutamente essencial que você continue!” e “Você não tem outra escolha, você deve continuar!“.

Uma constatação inacreditável, mas que infelizmente ocorreu, foi a de que 65% dos voluntários foram convencidos a aplicar a tensão máxima de choque no “aluno”, de 450 volts. Alguns argumentaram e insistiram em parar, mas, assim mesmo, continuaram para atender as ordens do experimentador. Milgram ficou aterrorizado com o resultado, tendo afirmado que “A maioria das pessoas faz o que lhes é dito para fazer, independentemente do conteúdo do ato e sem dores de consciência, apenas para obedecer às ordens de uma autoridade legítima“.

Muitos consideraram que os estudos desenvolvidos por Milgram foram controversos; por essa razão, a experiência foi duramente criticada. A partir da polêmica gerada e pela clara falta de ética, a Associação Americana de Psicologia estabeleceu um conjunto de regras para pesquisas que envolvem seres humanos. Mesmo assim, as experiências de Milgram foram reconhecidas como importantes, pelas contribuições que trouxeram para a psicologia, pois demonstraram que indivíduos comuns podem ser coagidos a ponto de cometer atrocidades de maneira premeditada, com clara intenção de ferir e exterminar pessoas. Milgram registrou as suas experiências no livro “Obediência à Autoridade”.

É assustador perceber que as descobertas de Milgram podem ser aplicadas na vida real, onde pessoas comuns são capazes de obedecer cegamente a uma ordem, sem a capacidade de refletir se aquela ação pode ou não causar dor, sofrimento e morte do seu semelhante, apenas porque a determinação do ato foi oriunda de um superior.

Esse comportamento de obedecer a uma ordem de uma autoridade sem a capacidade de raciocinar, compreender e avaliar a maneira correta de agir, para saber se fere ou não a conduta moral, é extremamente perigoso. Todos os genocídios praticados contra a humanidade, que causaram dor, sofrimento e perdas de inúmeras vidas, só ocorreram porque havia pessoas determinadas a cumprir ordens sem razão.

Há que se questionar a legitimidade de uma ordem de uma autoridade, há que se refletir se a ordem é ou não asquerosa, há que se denunciar as ordens sórdidas. Em outras palavras, não se pode aceitar cegamente o provérbio popular “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Deve-se resistir à ordem da autoridade, a fim de não cometer atos imorais sob coerção, como fez Hamilton dos Santos, um humilde tratorista que adotou uma atitude de empatia e se recusou a demolir duas casas em Salvador em 2003, mesmo sendo coagido por dois oficiais de justiça e ameaçando de prisão por policiais. Mais tarde a justiça reconheceu o erro em autorizar a demolição dos imóveis.

Devem-se utilizar outros provérbios populares para resistir, como “Diz-me com quem andas e eu te direi quem és” – o que pensa e quem influência nas decisões da autoridade? “Mentira tem perna curta” – será que é verdade o que diz a autoridade? Logo a verdade se restabelecerá!; “Gato escaldado tem medo de água fria” – observe a história da humanidade para saber se a autoridade não está tendo um comportamento semelhante a um tirano do passado!; “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” – mais cedo ou mais tarde a autoridade criminosa e indecente será alcançada pelas garras da lei; e, por último, pode-se “Dar uma de João-sem-braço” – não se pode cumprir uma ordem de alguém desqualificado, cuja intenção é de causar dor, sofrimento e extermínio de pessoas. É melhor fingir-se de desentendido e denunciar o crápula autoritário!

Arlicélio Paiva é professor doutor da UESC, Ilhéus, Bahia.*

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