A confirmação de que Donald Trump autorizou a CIA a agir contra o governo de Nicolás Maduro reacendeu a tensão entre Estados Unidos e Venezuela. A medida, justificada como combate ao narcotráfico e à corrupção, foi vista por analistas como interferência direta nos assuntos internos do país sul-americano e um possível precedente para novas ações unilaterais na região.
Da redação | Cultura&Realidade*
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela ganhou força nesta semana depois que o ex-presidente americano Donald Trump confirmou, na última quarta-feira (15), que autorizou a CIA a realizar uma operação contra o governo de Nicolás Maduro. Segundo Trump, a ação teria como objetivo combater o narcotráfico e a corrupção no país sul-americano. Mas, na prática, a medida foi vista por analistas internacionais como uma clara interferência nos assuntos internos da Venezuela.
A decisão fez crescer o clima de incerteza na América Latina e provocou reações imediatas de governos e organizações internacionais. Maduro classificou a atitude como um “ato de agressão” e prometeu responder politicamente a qualquer tentativa de violar a soberania venezuelana.
A Casa Branca defende que a operação é parte de uma “missão de segurança internacional”, mas evita revelar detalhes sobre o tipo de ação planejada e a extensão do envolvimento norte-americano no território venezuelano.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil e pela BBC alertam que a justificativa de combate à corrupção e ao tráfico de drogas é a mesma usada em outras intervenções dos Estados Unidos ao longo da história, o que levanta suspeitas sobre os reais interesses por trás da decisão. Muitos acreditam que a disputa também envolve o controle das gigantescas reservas de petróleo da Venezuela e o enfraquecimento de um governo considerado hostil a Washington.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) classificaram a medida como “catastrófica” e afirmaram que ela pode gerar instabilidade em toda a região. O temor é que uma possível resposta militar ou política de Maduro aumente a tensão e provoque uma nova crise humanitária.
Enquanto parte dos governos latino-americanos evita se posicionar abertamente, outros pedem que o conflito seja resolvido por meio do diálogo e do respeito à soberania. A Organização das Nações Unidas (ONU) ainda não se pronunciou oficialmente sobre a autorização dada pelos EUA, mas diplomatas já alertam para o risco de um precedente perigoso, que pode legitimar futuras intervenções unilaterais em outras partes do mundo.
Fontes: Agência Brasil, BBC News Brasil.