
Em menos de 5 dias de lançada, a composição do artista de Ibititá ganhou espaço na maior playlist de música indie do Brasil, a “Indie Brasil”, do Spotify
DA REDAÇÃO | Por João Gonçalves
Tudo começou com incertezas, que se ampliam. Os primeiros dias da pandemia causaram angústias. Dúvidas com relação ao futuro foram dominantes. Aos poucos, as pessoas vão assimilando formas de convivência e prevenção. Os riscos continuam agudos e o isolamento social se tornou a melhor estratégia para promover a vida.
Ficar em casa, a rotina sem trabalho… nem diversão. De repente, do outro lado da rua, alguém de muito próximo, do afago, do toque e do beijo carinhoso… virou uma incerteza. Será que posso? Podemos?… Tudo ficou muito estranho.
Conversar com os de casa, a descoberta. Cuidar do quintal, a descoberta. E tudo se repete. Os dias passam. Se passam… as pernas não param, os pés… não param. As unhas ficam curtas e os dentes não mais as alcançam (né, Cindy Campos?). “Senta a bunda no sofá”. Levanta. O piso na direção da geladeira ganhou grau de maior relevância. As brincadeiras populares (que beleza), a rede, as cantigas de ninar desafinadas para o bebê dormir. Estão de volta.
Mas não tem jeito. Tudo se repete… e vem o tédio.
“Azar é do tédio”. Este é o título da canção de Yan Paiva, lançada na última sexta-feira, 31, no seu canal de Youtube. A canção ganhou espaço na maior playlist de música indie do Brasil, a “Indie Brasil”, do Spotify e o clipe já tem quase 2.500 visualizações orgânicas.
Particularmente fiquei encantado com a canção, a interpretação, a ideia de envolver outras pessoas que vivem o mesmo tédio no clipe, que está muitíssimo bem roteirizado, dirigido e editado. Show de bola! Top, top! É assim que fala né!?
Azar é do tédio
Queta o pé aí / Senta a bunda no sofá / Pra se distrair / Tenta não contar as horas / Azar é do tédio / Não vai te pegar / Queta o facho, meu bem / Sinto em te informar / Não dá pra sair / Por aí, o mundo implora / Pra tu se conformar / Em ficar em casa / Repensando as idas e vindas da vida / Tempo tem pra ver o que há de saída / Pra salvar o que há de vida agora.
Se a composição chama a atenção para a realidade e replanejar o sentido da vida, a interpretação trás uma calma letal à tristeza. “Azar é do tédio” se revela uma doce sensação de leveza… leveza no entender que atrás das grandes atribulações, sempre vem a calmaria…
O que sobrou dela? A grande, doce e bela aventura da reconstrução, “repensando as idas e vindas da vida, tempo tem pra ver o que há de saída, há de saída, para salvar o que há de vida agora…”
O clipe se fecha em luto com um “Se puder fique em casa… antes tédio do que nunca”.
Yan nos contou, por Núbia Paiva, que todo processo criativo, como não poderia ser diferente, se passou em casa, e o artista buscou transpor aos arranjos a espontaneidade de um cotidiano caseiro.
“Em suas redes sociais, ele promoveu uma campanha com a hashtag homônima à música, #azaredotedio, propondo que seu público participasse do clipe da canção subindo a hashtag com vídeos de momentos corriqueiros ou de atividades “anti-tédio” que têm salvado seus dias na quarentena”, conta a poetisa, cheia de orgulho com a performance do filho. Não poderia ser diferente.
A ideia nasceu não só com a intenção de compor o clipe da canção, mas também de estimular uma perspectiva minimamente positiva e irreverente em relação ao momento atual.
O vídeo de divulgação da campanha foi ao ar dia 5 de julho e apresentou a proposta de maneira lúdica, com o artista encenando de maneira cômica o contexto do surgimento da canção – esse vídeo está disponível no IGTV do cantor.
A faixa foi lançada no spotify e demais plataformas digitais no dia 31 de julho, junto ao clipe, disponível no canal do artista no youtube.
Ao ouvir a música e vê o clipe, dúvida não haverá: Yan Paiva é um talento de extraordinária grandeza. Um jovem talento em ascensão. A musicalidade brasileira, em crise, agradece.
Laisa de Novaes Leite, seguidora de Yan, no Yutube, sentenciou: “Essa música inteira me trouxe uma paz tranquila, coisa que você sempre consegue, Yan, muito obrigado por me proporcionar isso mais uma vez. Agora minha inspiração voltou e tenho que escrever minhas poesias de novo”.
Confira no Spotify:
FICHA:
Música, arranjos e mixagem: Yan Paiva
Masterização: Aureo Gandur