– O Brasil tem capacidade de autonomia em potássio até 2089, sem precisar mexer em um metro sequer de terras indígenas –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
O portal ‘CompreRural’ publicou esta semana, com reforço editorial do portal ‘Econômico Valor’, que pautou o mesmo assunto, informações que desmentem frontalmente o Governo Federal, que insiste na ideia de invadir terras indígenas, justificando a necessidade de estabelecer a autonomia do País em produção de potássio, para fins de atender às demandas de fertilizantes para o setor agrícola.
Entretanto, um relatório da Agência Nacional de Mineração (ANM), autarquia do governo federal, na área do Ministério de Minas e Energia, dá conta de que o Brasil pode ser autossuficiente em potássio, pelos próximos 67 anos, sem precisar de um só quilo do minério das terras indígenas.
De acordo com os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgados pelo ‘Brasil em Mapas’ nas redes sociais, mostraram o real potencial e a localização das reservas de fertilizantes que o país possui. O potencial do Brasil de reservas para fertilizantes, como o potássio, é de 1,1 bilhão de toneladas por ano até 2089.
As maiores reservas estão na Amazônia Legal, Minas Gerais, São Paulo e Sergipe. De acordo com o ‘Econômico Valor”, somente a Amazônia Legal e Sergipe, são capazes de atender as necessidades brasileiras, sem ter de importar nada da Rússia ou Bielorus, nem ameaças as comunidades indígenas.
As publicações ocorrem no momento em que a Câmara de Deputados aprovou o regime de urgência para votação de um Projeto de Lei que permite e mineração em terras indígenas na Amazônia, com o argumento de que o país poderia ficar sem fertilizantes em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Fertilizantes para os próximos anos
Fosfato e potássio são dois dos principais insumos para a agricultura que, juntamente com o nitrogênio, constituem o fertilizante NPK. A demanda desses insumos vai aumentar na próxima década, em que a produção de alimentos no Brasil deve ter um incremento de 27%, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Mas o país já enxerga uma tendência de crescimento das commodities agrícolas, influenciada por diversos fatores, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a retomada da economia da China e por gastos dos governos com programas de recuperação após a crise causada pela Covid-19.
O cenário torna estratégicos os projetos de pesquisa voltados para os agrominerais. O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), atua para que o país se torne cada vez mais independente na produção dos insumos – hoje, segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados.
Governo descobre novos depósitos de potássio
A preocupação do governo com a dependência externa de fertilizantes não é de hoje. No ano passado, o Serviço Geológico do Brasil, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio (K).
Atualmente, o Brasil importa 96,5% do cloreto de potássio que utiliza para fertilização do solo. Também ostenta o título de maior importador mundial de potássio, com 10,45 milhões de toneladas adquiridas em 2019, de acordo com dados do Ministério da Economia.
Impacto para o setor agrícola
De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, caso esses depósitos já identificados entrem em produção, o impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil pode ser imediato. “A expectativa é que, ao reduzir a importação de fertilizantes, o insumo torne-se mais barato e acessível, eliminando custos de transporte e logística”, explicou.
Soberania nacional
Neste ano, o mercado do potássio entrou em alerta devido à crise provocada pela guerra no leste europeu, onde a Rússia e a Belarus, se somam como alguns dos maiores fornecedores mundial da commodity, elevando os preços e a preocupação com o fornecimento do insumo. “Uma das nossas linhas de atuação é fomentar o descobrimento de novas jazidas para commodities estratégicas como o fosfato e o potássio, por meio de diversos projetos de prospecção, principalmente diante da preocupação em atender à projeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de aumento de cerca de 27% da nossa produção de grãos na próxima década”, ressaltou o diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Esteves Pedro Colnago.