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Preto, periférico, alternativo e livre, assim foi Raflick

REDATOR by REDATOR
31 de janeiro de 2024
in COMPORTAMENTO
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Home COMPORTAMENTO
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– Músico, poeta, artista plástico, o andarilho cafarnauense se despede dos seus amigos e fãs, aos 53 anos, em uma morte ainda não esclarecida, à beira de uma BR em Campo Murão (PR), em novembro do ano passado. Seu corpo deverá chegar nesta sexta-feira, 2, para ser sepultado com todas as honras, no cemitério da cidade onde nasceu –

DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade

O preto que encantou muitas pessoas do circuito artístico e cultural, na região de Irecê e por onde pôs seus pés como andarilho, parou de caminhar. Seu pulsar e o seu respirar, já não mais se fazem sentir. Depois de tantas andanças, seu corpo foi congelado, à espera do seu povo. Mas a sua voz se faz ouvir pelos cantos e pelos símbolos visuais de linguagem, expressos em suas obras, que exaltam a sua rebeldia e instinto de liberdade plena.

O espírito de Raflick nos observa, frente à sua carne inerte, desde novembro do ano passado, quando faleceu na cidade de Campo Mourão, no estado do Paraná e lá se encontra guardado, à espera de um parente ou conhecido que pudesse resgatá-lo.

Esta semana, as redes sociais divulgaram a sua morte.  Após o choque, da fria e triste notícia, os seus simpatizantes iniciaram a busca de informações oficiais. Raflick faleceu, ainda não se sabe as razões da sua morte e a única referência pessoal foram os seus documentos. Seu corpo foi encontrado às margens de uma rodovia… as rodovias, aliás, se revelaram sua morada. Nelas, ele andou por muitos lugares, na maioria das vezes, a pé.

Ao tomar conhecimento, o serviço social da Prefeitura de Cafarnaum, na região de Irecê-BA, acolheu seus familiares e iniciou o processo de localização e os procedimentos para o translado do seu corpo. Segundo prepostos da Prefeitura, o corpo deverá chegar até sexta-feira, próximo dia 2 de fevereiro, quando, em um local reservado, será feito o funeral, com despedidas e homenagens dos familiares e amigos.

GALERIA MANOEL RAFLICK – As diferentes faces da liberdade – Acerco: Leandro Barreto e André Marques

MANOEL RAFLICK RIBEIRO

Natural de Cafarnaum, onde nasceu no dia 2 de agosto de 1971, Manoel Raflick Ribeiro, ou simplesmente Raflik, veio ao mundo pelo ventre de dona Jerulina Maria Ribeiro, de ato entre ela e o seu João Damião Ribeiro. Ele foi criado ao lado de uma prima, irmã de criação, filha do seu tio Cantídio, assistida também por Dona “Jerú”. Sua infância foi humilde, morando em uma casa de taipa na comunidade Cafarnaunzinho, ao lado da cidade e ia para a escola levando na cabeça o seu próprio tamborete.

Foi na escola que Raflick sentiu os maiores impactos da sua infância, enfrentando tratos de deboche e preconceito por racismo, em razão da sua cor. Com muito esforço e orientado por Dona Jerulina e Beti Porcino, a sua primeira professora, ele frequentou as escolas Henrique Brito e José Gonçalves (antiga CNEC), onde avançou até à 8ª série ginasial, o correspondente ao Fundamental II. Mas logo desistiu da escola. Passou a vida aprendendo com as vivências, observações e sentimentos, carregando consigo um olhar crítico do comportamento humano e do modelo de sociedade, ao qual logo ele renunciaria. Seu desejo era desbravar o mundo. Sem amarras. “Deste mundo, eu não quero nada”, dizia ele aos mais chegados.

Em vez das quatro paredes das salas de aula, ele preferiu os becos de Cafarnaum e as águas frias da vereda Romão Gramacho (rio Jacaré) onde nadava, pescava e fugia da censura de dona “Jerú”.

Artista plástico, músico e poeta, ele foi ativista sociocultural e militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Era um combatente na linha de frente contra as desigualdades sociais e um entusiasta dos movimentos artísticos e culturais. Foi ativista fundamental na fundação, ao lado de amigos de infância, do GJBR – Grupo Jovem Beira Rio e do bloco Zumbi dos Palmares. Participou de diversos festivais de música pela região e tem telas suas espalhadas por todo o Brasil.

De acordo com relato do historiador cafarnauense Leandro Barreto, seu amigo de infância, “Raflick foi autodidata em quase tudo em sua vida. Aprendeu a desenhar e virou pintor, era um excelente pintor e compositor. Aprendeu a tocar violão sozinho, fazia arranjos musicais incríveis, aprendeu a falar inglês fluentemente sem auxílio de professores, foi um jovem à frente de seu tempo”. Afirmou.

Pobre, preto e periférico, desafiou o sistema e se tornou um artista admirado, contrariando a sociedade que o marginalizava. Na música influenciou muitos artistas de Irecê e região, com o famoso ritme blues “’Meu carrinho de plástico duro’”, pontua Leandro.

Raflick fez sucesso no seu primeiro álbum musical do mesmo nome (Meu carrinho de plástico duro), logo depois foi lançado o álbum “Uma cultura só não dá”, que foi reconhecido pelo pessoal que pratica agricultura orgânica e permacultura. Foram muitas canções que ganharam o público alternativo, dentre elas: “Às vezes me bate uma pane”, “Papo afro” composta em parceira com André Marques, “O atentado” em parceria com Clendson Barreto, “Perdido na trilha”, desenvolvida com Éder Fersant e muitas outras canções criativas e irreverentes. “Ele era irrequieto, um pensador nato, refletia sobre tudo”, diz o historiador.

Os pés e os caminhos – Ainda segundo relatos coletados por Leandro, junto a outros amigos e familiares de Raflick, com a morte do seu pai, aquele jovem que refletia sobre tudo e parecia não ter medo de nada e nada o abatia, foi afetado por uma profunda tristeza. Parecia um pássaro acanhado, quieto e tristonho, mantendo-se um tanto quanto recluso, como se refletindo a vida e os rumos do seu futuro, dialogando consigo mesmo, com as suas inquietações existenciais.

Um certo dia, com uma sacola a tiracolo, resolveu que iria fazer o que sempre sonhou. Adotou o modo hippie de viver, largando tudo, passando a peregrinar por vários lugares do Brasil, produzindo arte e vivendo de forma alternativa. Soube da morte de dona “Jerú”, tempos depois, não tendo como reverenciá-la em seu funeral.

Com a inesperada notícia da sua morte, os órgãos públicos de Cafarnaum promovem o translado do seu corpo e seus amigos e familiares se preparam para dar-lhe um suporte às suas asas. Agora, não mais a pé, mas com as asas de um homem preto, livre e soberano, voará, ao encontro de seu João e dona Jerú.

Contribuíram com informações: Nanda Novais, Ezilma Barreto, Max Pereira, Tião Ferreira, Pepsy Jipeiro, Gel Pereira, José Ferreira Calado Filho e Leandro Barreto.

Relatos de amigos, como André Marques, Elson Moraes e Clendson Barreto, serão postados em matéria posterior ao funeral.

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