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O luto e o comércio do luto!

REDATOR by REDATOR
12 de novembro de 2021
in OPINIÃO
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Home OPINIÃO
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– “O corpo e a imagem do morto viram um produto imaterial vendido selvagemente enquanto a fragilidade do luto durar, por isso as empresas que ganham fortunas nesses momentos tristes tornam o luto de pessoas famosas e promissoras economicamente longo e exaustivo.” –

OPINIÃO I Por Alan Machado*

Uma cantora famosa morreu esta semana. Foi uma comoção geral. As redes de tv, os jornais e as redes sociais se encheram de reportagens e postagens relembrando momentos da celebridade morta. O excesso de postagens, a repetição exaustiva de momentos da vida da cantora tornaram-na íntima do mais frio e alheio expectador.  É um luto forjado, forçado, que não acaba mais. Nada contra o luto, nada contra o sofrimento dos fãs. Mas parece que a comoção fugiu do espectro individual, do sentimento sincero para uma espécie de sentimento de rebanho calculado e alimentado pela indústria.

O luto é um trabalho de recuperação do morto em uma dimensão distinta. A morte arrastou o sujeito, extinguiu sua existência e deixou os vivos a se haverem com a falta, com o vazio, com o silêncio, com a dor, com o naco faltoso onde outrora estava o objeto falecido. O luto sempre teve um lugar oficial onde se opera com ele: o velório. Creio que seja esta a função de um velório: dar aos vivos a oportunidade de, em companhia do morto, recompor a vida dele, organizar uma narrativa boa sobre sua existência e reintegrá-lo à sociedade sob a forma de memória. O velório então deve ser esse espaço de vivência do luto, de salvamento do objeto perdido.

Tempos atrás, em cidadezinhas do interior, a prática do velório realizava muito bem o trabalho do luto. O morto ficava exposto na sala da casa. Ajeitavam-se cadeiras, preparavam-se comidas e bebidas para que os vivos, reunidos ali, passassem uma última noite em companhia do morto, recontando as histórias dele, as peripécias no dia-a-dia, falando de sua alegria, honestidade, grandeza, generosidade ou senso de justiça… Coisas que o enalteciam. As lembranças de um e de outro vivo iam aos poucos compondo uma imagem do morto, recompondo a sua presença para que ele continuasse no meio social da melhor maneira. Era uma despedida em forma de reencontro, de retorno pela memória. À medida que os visitantes iam passando pelo velório, a nova vida do morto, criada pelo pesar e pela memória dos presentes, ia diluindo o mal-estar de todos.

Esse gesto humano de se agarrar à vida, de pôr a própria morte a serviço dos vivos é visceral, mobiliza forças poderosas que habitam cada coração pulsante de uma coletividade. Quando uma pessoa morre, impulsos e desejos irracionais que recaiam sobre o falecido ficam sem lugar e retornam aos vivos como sofrimento, por isso a necessidade do luto, da apropriação do morto. O sistema de consumo selvagem em que vivemos sabe disso e como sua função é vender a qualquer custo e cada vez mais, não há óbice moral que o impeça de transformar a morte em uma máquina catalizadora dessas forças irracionais, conduzindo-as a extratos e mais extratos de consumo. A comoção e o luto são habilidosamente manipulados. O corpo e a imagem do morto viram um produto imaterial vendido selvagemente enquanto a fragilidade do luto durar, por isso as empresas que ganham fortunas nesses momentos tristes tornam o luto de pessoas famosas e promissoras economicamente longo e exaustivo. O mercado vai usar o quanto puder o luto dos brasileiros em razão da morte da cantora famosa. Enquanto houver luto, haverá um pacotinho de Marília Mendonça na prateleira do mercado de nosso sofrimento se anunciando ao nosso desejo.

*Alan Oliveira Machado é professor, poeta, contista e cronista. Autor de PRA DIZER QUE FOI ASSIM (Ibicaraí: Via Litterarum, 2015)

Tags: destaque
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