As vacinas contra a Covid-19 regularizadas para uso na população são comprovadamente eficazes para proteger quem a recebe. No entanto, os vacinados ainda podem transmitir o vírus e adoecer, porém, têm risco menor de complicações e morte
DA REDAÇÃO | Cultura & Realidade
Nesta primeira quinzena de abril, dois casos exclusivos levantaram suspeitas na população sobre a eficácia e segurança das vacinas contra a Covid-19. A morte do cantor Agnaldo Timóteo que foi internado com sintomas dois dias após tomar a segunda dose da vacina, o que indica que a infecção pode ter ocorrido entre as duas doses; e o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, que testou positivo para o coronavírus mesmo após ser vacinado entre os meses de janeiro e fevereiro.
Em primeiro lugar, é necessário entender que as vacinas não garantem 100% de eficácia contra o vírus. De acordo com o crescimento do número de vacinados, surgem relatos de pessoas que receberam o imunizante e contraíram a doença logo depois. Para ter efeito no organismo, a substância precisa de pelo menos 14 dias após a segunda dose para se estabelecer, isto quando o imunizante é administrado em duas doses. Mesmo com a Imunização completa, a alta circulação do vírus e as novas variantes, ainda pouco conhecidas, fazem o risco de infecções crescer, apesar das vacinas.
Vale ressaltar que as vacinas não causam a doença. Elas carregam um antígeno, um pedaço do vírus ou o vírus inteiro inativo – incapaz de gerar infecções – que aciona o sistema imunológico para criar barreiras contra o vírus verdadeiro. Sintomas como febre e dores após a vacinação são comuns e indicam que o sistema imunológico está trabalhando.
“Os estudos dizem que o que vamos ver é que quem recebe a vacina tem um risco menor de adoecer”, afirma Sônia Raboni, infectologista do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR/Ebserh).
Hoje, tem pouco mais de 11% da população brasileira imunizada, e os números da Covid-19 no país mostram que o vírus circula livremente, fazendo mais vítimas do que nunca.
Para os especialistas, a vigilância dos cientistas sobre a dinâmica da doença e as medidas preventivas, como uso de máscaras, o distanciamento social e a higiene das mãos, devem ser reforçados agora. “As vacinas diminuem o risco, e os estudos mostram que as chances de desenvolver a doença grave depois de tomar o imunizante são bem menores, mas ainda temos poucos dados publicados”, diz Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santos.
Em alguns organismos, a proteção pode nunca ser completa, por isso é importante ter o maior número de vacinados para que a circulação do vírus diminua e os riscos sejam cada vez menores para todos.
“Nenhuma pandemia da história foi controlada sem isolamento social e quarentena. Precisamos reduzir o contanto entre as pessoas até que as vacinas cheguem à população e tenhamos um bom tratamento contra a doença”, diz a infectologista Sônia Raboni.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
O que fazer após tomar a primeira dose da vacina?
Aguardar a data da segunda dose mantendo os cuidados como máscara, distanciamento social e higiene das mãos.
O que fazer após receber a segunda dose da vacina?
Manter uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos até que uma boa parcela da população (pelo menos 50%) esteja devidamente imunizada e a circulação do vírus caia drasticamente. Quando isso acontecer, uma retomada mais ampla das atividades pode ser feita lentamente com segurança.
Posso ter Covid-19 após tomar a vacina?
Sim. Os estudos mostram que os vacinados têm muito menos chances de se infectar com o vírus, e quando isso acontece os sintomas são mais leves. Ainda assim, os pesquisadores não descartam casos graves ou mortes, mas esses são casos raros.
Posso transmitir o vírus após tomar a vacina?
Sim. É possível que a pessoa se infecte e tenha uma infecção mais leve ou sem sintomas. Isso indica que a transmissão ainda é possível, mesmo que em uma intensidade menor. Dados não conclusivos indicam que algumas vacinas podem barrar a transmissão em algum nível, o que é uma boa notícia, mas ainda precisa ser confirmada.
Se eu não tiver nenhuma reação após tomar a vacina, significa que ela não funcionou?
Não. Cada organismo responde de maneira diferente ao imunizante. Mesmo sem ter efeitos comuns como febre e dores, a vacina pode funcionar.
Posso fazer algum teste para saber se a vacina funcionou?
Não. O teste rápido (sorológico), que mede anticorpos contra o vírus e pode ser comprado em farmácia, ainda fornece resultados muito frágeis. Além disso, nossa resposta imunológica não é formada só por anticorpos, há outras moléculas que nos protegem e que não são detectadas com testes simples, diz Maura Salaroli, infectologista do Hospital Sírio-Libanês.
Com informações da Folha Paranaense e Brasil de Fato