Resultado de perícia em material orgânico e sangue aparentemente humanos encontrados deve sair durante a semana, diz PF.
Da Redação | Verdes Mares, O Tempo
Amarildo Costa de Oliveira, o “Pelado”, preso há uma semana e apontado como principal suspeito pelo desaparecimento do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira e do britânico Dom Phillips, seria o executor de um crime encomendado por um traficante de drogas peruano. A informação foi divulgada pelo jornalista Octávio Guedes no programa Estúdio I, da GloboNews, nesta segunda-feira (13).
“Apontam que um traficante peruano, que apesar da nacionalidade dele, é conhecido como Colômbia. Que misturam o narcotráfico, o ouro e a pesca ilegal. Então, tá tudo misturado ali. E aí eles vão recrutando esses povos ribeirinhos que, diga-se de passagem, que não tem um modo de vida sustentável para proteger a Amazônia. E eles são cotados para esse tipo de atividade”, explicou o jornalista.
Conforme exibido no programa, o indigenista entregou dois oficios com detalhes de denúncias de invasão e pesca ilegal na Terra Indígena do Vale do Javari antes de sumir com o jornalista.
O líder de uma organização criminosa teria contratado Pelado para executar Dom e Bruno, por causa do trabalho de ambos, que denunciavam crimes na Amazônia, na região de fronteira do Brasil com a Colômbia, onde eles foram vistos com vida pela última vez e restos mortais foram encontrados, além de pertences de ambos.
Bruno, que estava licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) sem direito a reumuneração – ato aconteceu na gestão de Sergio Moro no Ministério da Justiça e foi vista como perseguição por Bruno ir contra a política ambiental de Jair Bolsonaro -, trabalhava para um entidade de proteção aos povos indígenas, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava).
Nesse trabalho, ele denunciou formalmente, por meio de dois de seis ofícios enviados entre fevereiro e maio à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal do Amazonas, Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, grupos de garimpeiros, traficantes e pescadores, citando inclusive Pelado entre homens que estavam praticando mineração, caça e pesca ilegal na terra indígena onde ele desapareceu.
O grupo de garimpeiros envolvia 23 balsas para mineração de ouro. Já o do Pelado usava barcos de grandes dimensões, que carregava toneladas de peixes de uma área que deveria ser protegida e explorada apenas por indígenas, de forma artesanal.
Segundo o comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal no Amazonas, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e pertences pessoais dos desaparecidos.
Uma mochila com pertences do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico foi encontrada neste domingo (12), na mesma área. Não há detalhes sobre o estado do material genético e a questão depende de análise dos especialistas.
“Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados”, diz o texto da nota
Familiares dizem que receberam informações sobre corpos
Também nesta segunda-feira, surgiram notícias que os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips foram encontrados nesta segunda-feira.
O embaixador brasileiro no Reino Unido comunicou a família de Phillips no Reino Unido durante um telefonema na manhã. A informação é do The Guardian, jornal inglês para o qual Phillips contribuía regularmente.
“Ele disse que queria que soubéssemos que… eles tinham encontrado dois corpos”, disse Paul Sherwood, cunhado de Phillips, ao Guardian.
“Ele não descreveu o local e apenas disse que estava na floresta tropical e disse que eles estavam amarrados a uma árvore e eles ainda não tinham sido identificados”, completou.
“Ele disse que quando estava leve, ou quando era possível eles fariam uma identificação”, acrescentou Sherwood.
A mulher de Phillips deu a mesma informação a um jornalista brasileiro, também na manhã desta segunda-feira.
“Alessandra (Sampaio), mulher de Dom Phillips, acaba de me informar que foram encontrados os corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira”, escreveu André Trigueiro, da GloboNews, em sua conta no Twitter.
Bolsonaro diz “que fizeram alguma maldade com eles”
A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades.
No entanto, também nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre corpos encontrados boiando no ponto do rio onde as equipes de buscas estavam concentradas no fim de semana.
Bolsonaro inclusive falou que “que fizeram alguma maldade com eles (os desaparecidos)”.
“Os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles (os desaparecidos), porque já foram encontrados boiando no rio vísceras humanas que já estão em Brasília para fazer DNA. Pelo prazo, pelo tempo já temos hoje 8 dias, indo para o nono dia, que isso aconteceu. Vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Peço a Deus que isso aconteça”, disse o presidente.