
Em delação, um dos donos de empreiteira relata entrega de propina ao senador Jaques Wagner, ex-ministro e ex-governador da Bahia.
DA REDAÇÃO
Um dos donos da empreiteira baiana Mendes Pinto Engenharia, Mário Seabra Suarez em delação prestada à justiça federal ao final de 2020, em Curitiba, relatou em detalhes um esquema de corrupção no qual o mesmo entregava propina a Carlos Daltro, apontando como o “caixa de Jaques Wagner”, ex-ministro da casa civil e ex-governador da Bahia, hoje senador.
O valor repassado seria parte de um acerto de R$ 9,6 milhões de corrupção, no contrato de construção do prédio sede da Petrobrás, na capital baiana, assinado no fim do segundo mandato do ex-presidente Lula e inícios da eleição de Dilma Rousseff. Segundo o delator supracitado, o esquema envolveu as empreiteiras OAS e Odebrecht, ambas atuante no ramo da engenharia civil, e dirigentes petistas da Petrobras e da Petros (fundo de pensão dos servidores da estatal) e é alvo de uma ação penal da Lava Jato, em fase final.
“Os pagamentos ao PT Bahia, eles também não chegaram a ser os R$ 3,2 milhões (acordados), foi bem menos, e esses pagamentos foram feitos a uma pessoa chamada Carlos Daltro, é conhecido como caixa de Jaques Wagner”, delatou o empresário, ao ser interrogado pelo juiz federal Luiz Antônio Bonat, titular da Operação Lava Jato, em Curitiba. Na ocasião, o senador baiano, Jaques Wagner negou.
Em depoimento feito por videoconferência ao Juiz da Lava Jato, em 25 de novembro de 2020, Suarez destrinchou as entregas de valores feitos ao aliado de Wagner, Carlos Daltro. Seria uma pequena parte do total de R$ 3,2 milhões que seria destinado ao PT da Bahia.
Wagner (PT) não é réu nessa ação penal.
No interrogatório feito pelo Juiz, o empresário diz que os valores destinados ao PT da Bahia eram efetuados pelo sócio Paulo Affonso Mendes Pinto, também integrante do grupo da empreiteira, no Edifício Salvador Trade, onde ficava seu escritório.
“Eu, pessoalmente, cheguei a entregar duas vezes ao Carlos Daltro o valor de R$ 75 mil cada uma delas, uma delas, ele esteve no meu escritório é outra eu estive no escritório dele levando o dinheiro, R$ 75 mil.” Disse o delator.
Em 2019 Suarez fez o acordo de delação premiada e confessou que a empreiteira Mendes Pinto fraudou a concorrência e foi contratada para gerenciar a construção do Edifício Torre Pituba – que foi pago pela Petros e seria alugado para a Petrobrás.
Suarez é réu no processo da Lava Jato, que está em fase final.
Defesa de Wagner
Em nota, o advogado de Wagner, Pablo Domingos disse, “A delação trata de fatos requentados e sem qualquer elemento de corroboração, método já rechaçado pelas Cortes Superiores, por não ser meio de prova válido. No caso em específico, os delatores alegam supostos fatos que sequer teriam presenciado, que souberam ‘por ouvir dizer’ de terceiro já falecido. Portanto, mais uma delação premiada feita em moldes não democráticos e que certamente não deverá ser considerada pelo Poder Judiciário”.
**Com informações Terra