-Com o projeto ACCU, desenvolvido pela UMBU, em Uibaí, ao longo dos últimos 19 anos, muitas famílias foram positivamente impactadas, por meio de seus filhos que saíram da vulnerabilidade social para o mundo da formação universitária. “Criança não quer esmola. Criança quer futuro” com oportunidades. Saiba mais… –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade, Por João Gonçalves
Melhorar o desempenho escolar e as relações sociais interfamiliar e comunitária, são apenas alguns dos benefícios de projeto social desenvolvido por iniciativa popular no município de Uibaí, que tem como público alvo crianças expostas à vulnerabilidade social.
Após 19 anos, desde a sua criação e implantação, o projeto ACCU – Ação Cidadã pelas Crianças de Uibaí se tornou de fundamental importância na prevenção à violência juvenil, uso de drogas e prostituição infantil, e, mais que isso conseguiu despertar projetos de vida, estimulando as crianças para a formação de vários profissionais liberais como advogados, médicos, psicólogas, professores e empresários que passaram pelo projeto e que antes nem imaginavam ingressar em um curso universitário.
Iniciativa particular de um advogado e administrador de empresas, que prefere não ter o seu nome mencionado nesta pauta do site Cultura&Realidade, o projeto acolheu, por exemplo, a atual diretora do CETEP – Centro Territorial de Educação Profissional, a pedagoga Joice Machado Carvalho, professora de Língua Portuguesa.
Ela afirma que o ACCU é um projeto de suma importância na vida de crianças e jovens de Uibaí. “É, sem dúvidas um espaço de acolhimento, esporte, cultura, educação, lazer e que produz laços de família em todos que passam por lá”, afirma Joice, reforçando: “enquanto ex-aluna do ACCU e professora, vejo de perto o quanto os alunos, do ponto de vista social e educacional, tornam-se cidadãos melhores”.
Segundo a professora, “é naquele espaço que os alunos se deparam, não só com noções de esporte, mas com valores e condutas importantes, sabendo da importância de unir o lazer à educação. Tendo assim, melhores resultados na escola. Como prova disto, temos vários ex-alunos com uma vasta formação educacional e profissional, como médica, advogados, delegado de polícia, empresários, psicóloga e professores, dentre outros”.
De acordo com o advogado idealizador do projeto, usar a escolinha de futebol e outras atividades esportivas, foi uma estratégia. “No ACCU, as crianças tem lanche, orientações sobre ética, honradez, verdade, amizade, cultura de paz, princípios e valores de boa convivência familiar e comunitária”, afirma o benfeitor. “Mas há critérios a serem seguidos. As crianças foco do projeto são as que mais necessitam de acolhimento, em razão da sua vulnerabilidade socioeconômica. Para permanecer participando das atividades, precisam ter bom desempenho na escola e se apresentar com bom relacionamento na família e com os colegas. Uma das regras do campinho proíbe, por exemplo, falar palavrões durante os treinos e jogos”.
“Esta prática orientada de esportes ligada à educação é fundamental para que as crianças e jovens possam crescer tendo uma melhor relação na sociedade, com maior afetividade, respeito ao próximo, valorizando à educação sempre. Todos os alunos com dificuldade de aprendizagem ou problemas de disciplina, superam estas dificuldades quando ingressam no projeto”, complementa a professora Joice.
AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO ACCU/UMBU
Em razão da Pandemia, a única atividade em funcionamento, realizada pelo ACCU é a distribuição de alimentos por meio do Mercadinho Solidário, na sede da entidade mantenedora do projeto, a UMBU – União Municipal em Benefício de Uibaí. Mas, em tempos de normalidade, o projeto interage com as seguintes ações:
Oficina de Futebol – A escolinha de Futebol é a âncora do ACCU, na medida em que desperta forte interesse por parte das crianças. As aulas envolvem futebol e futsal nos turnos da manhã e tarde e o acompanhamento do desempenho escolar de 80 crianças (meninos e meninas). O Professor é Jário Souza, popular Jarão.
Círculos de Leitura – Os círculos de leitura são realizados na Escolinha do ACCU, antes dos treinos de futebol. Nessa atividade, coordenada por uma pedagoga, as crianças travam contato com clássicos da literatura infantil, desenvolvendo o hábito da leitura. A realização dos círculos de leitura depende da aprovação de projetos em editais públicos, tendo suas atividades suspensas entre um edital e outro.
Oficina de Ioga – A Oficina de Ioga é ministrada pela professora Alice Sodré e tem como público alvo, além das crianças, as mães e avós das crianças matriculadas.
Oficina de Capoeira – Atividade desenvolvida pelo professor Grafite, envolvendo crianças matriculadas no futebol, atendendo também, outras crianças com interesse específico nessa atividades esportiva e de dança.
Guarda Mirim Ambiental – A Guarda Mirim é uma ação destinada às crianças com 13 anos de idade, recrutadas na rede municipal de ensino, com base no desempenho escolar. Com essa atividade, ocorre o aprofundamento de temas que a escola formal não aborda, tais como: prevenção ao uso de drogas legais e proibidas, prevenção à depressão, alimentação saudável, educação ambiental, noções de primeiros socorros, noções de combate a incêndio, educação para o trânsito, conceitos de religiosidade e patriotismo, dentre outras.
Marcadinho Solidário – O Marcadinho Solidário é uma iniciativa que garante alimentos (cesta básica) a famílias sem trabalho, com crianças, sobrevivendo apenas com recursos do programa Bolsa Família. Os alimentos são doados pela comunidade e as cestas montadas e disponibilizadas mensalmente às famílias carentes.
No próximo ano, 2022, o ACCU vai celebrar 20 anos. Será que as famílias beneficiárias tem motivos para comemorar? O futuro dirá.
Uma placa cravada na entrada da quadra poliesportiva do projeto resume os princípios do ACCU: “Crianças não precisam de esmolas. Crianças precisam de futuro”