– Tendo como eixo central, a organização das mulheres para a disputa das eleições em 2024, o coletivo supra partidário Somos, realizou a 2ª Assembleia Feminista do Território de Irecê –
DA REDAÇÃO | Cultura&Realidade, por Juliano Carmo*
A segunda edição da Afeti começou com café da manhã coletivo com descontração, marcada por resenhas, muitas, risadas e partilhas. Em seguida, uma intervenção com poesia. Na mesa, “Os desafios da mulher em espaços de poder”, com as debatedoras Meire Joyce (Meirinha), Jussara Sena e Clarissa Bastos, que relataram suas trajetórias, debateram a conjuntura política e o surgimento do Coletivo Feminista Somos.
FINANCIAMENTO ELEITORAL – Meirinha iniciou sua fala tecendo um histórico sobre como iniciou na política. “Comecei na política, através do movimento estudantil de Irecê, onde, junto com João Gonçalves, fomos os responsáveis por implantar o primeiro grêmio estudantil no Colégio Modelo” e pontou a dificuldade de se obter recursos para as campanhas das mulheres. “Nossa estrutura machista e patriarcal elimina o financiamento eleitoral para as mulheres, por isso, precisamos debater a criação de um fundo eleitoral exclusivo para as mulheres”, enfatizou. Meirinha, primeira titular da recém-criada Secretaria da Mulher e Cidadania, também atua como delegada da Bahia na Associação Brasileira de Nanismo, além de ser dirigente da Rede Sustentabilidade municipal e estadual.
COR DA PELE – Em sua fala, a professora Jussara desabafou, que sempre tem que dizer do seu curso superior. “Estar nesse Afeti hoje, discutir políticas para as mulheres, discutir a pauta feminista é um momento histórico. Não podemos discutir a pauta feminista, no geral, sem discutir a questão de gênero e a pauta racial”. Jussara falou da sua trajetória, como a primeira mulher negra a dirigir um partido político, o PCdoB, falou da sua luta na Educação do Campo, a criação da Associação Sociocultural da Comunidade de Meia-Hora e a construção de uma política para a Educação do Campo.
PARTO HUMANIZADO – Clarissa Bastos, professora e presidenta do PSol em Irecê, trouxe uma contextualização histórica do nascimento do Coletivo Somos, a partir da luta para reabertura da Casa de Parto, falou das dificuldades para as mulheres estarem nos espaços de poder, conciliando com as atividades domésticas e o lugar de cuidado de ser mãe, que toma muito tempo. Sobre a Casa de Parto Natural, de acordo com a professora, “estudamos a Lei Orçamentária Anual e descobrimos que a Casa de Parto Natural esteve na LOA em 2021, com orçamento de R$ 700 mil, em 2022, com orçamento de R$ 195 mil e em 2023, com orçamento de R$ 228 mil, ocorre que todo esse valor foi suplementado por decreto para outro setor”, disse. Há indicativos para a construção de maternidade em Irecê, mas não há previsão de início. “Mulheres que poderiam realizar seu parto normal estão juntas com outras mulheres no Hospital Regional de Irecê, enquanto a maternidade não sai, quais iniciativas teremos para diminuir a violência obstétrica?”, questionou.
“MULHERES LARANJAS, NÃO!” – Para Rubi Santos, dirigente do PCdoB em Irecê e do Coletivo Somos, este momento é importante para que não se repita em 2024, o que ocorreu em 2020. “A Afeti é para pensar a política regional, a gente está lançando pautas para a região, como a gente pensar em políticas para as mulheres. As eleições em 2024 estão vindo aí e nós não queremos ‘mulheres laranjas’, nós não queremos estar atrás de homens, queremos encorajar mulheres a se candidatar, encorajar mulheres a apoiar mulheres, que é uma das nossas grandes pautas”, pontuou.
DEFININDO PAUTAS – Após o almoço, onde o Coletivo Somos serviu uma deliciosa feijoada, houve atividade cultural com Celi Dourado. Ela trouxe um repertório contextualizado com músicas femininas e feministas. Em seguida, houve a organização dos Grupos de Trabalhos organizados por eixos temáticos. Para a professora Daniela Lopes, da Coordenação Executiva do Coletivo Somos, “fizemos encaminhamentos a partir das propostas do que precisa ser melhorado no município, quais aspectos a gente pode solicitar ao governo, seja ele municipal, estadual ou federal, e o que a gente precisa para uma Irecê e um Território melhor, principalmente no campo mais humano e social, atendendo as necessidades das mulheres de Irecê”, ressaltou.
PARA ALÉM DO PÚBLICO ALVO – Marcela Prest, candidata a prefeita de Feira de Santana em 2020, doula e feminista negra, do PSol, participou do Afeti. A segunda edição também contou com as presenças de Zé das Virgens, ex-prefeito de Irecê, Osvaldo Alves, sub-secretário de Educação e pré-candidato a Prefeito em Irecê, João Gonçalves, Diretor do Cultura&Realidade e Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Irecê, Willian Guerra e Raminho, assessor do deputado estadual Ricardo Rodrigues.
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GALERIA – Fotos: Juliano Carmo e João Gonçalves
(*) Jornalista em Multimeios