– A Brigada de Combate a Fogo, formada por voluntários, vem atuando há 72 horas. Chegou a controlar o foco original, mas novos focos se alastraram em localidades de difícil acesso e agora somente com ajuda de aeronaves seria possível reduzir a tragédia ambiental, com forte impacto à flora, à fauna e a empreendimentos econômicos. O Estado e o Município ainda não destinaram ações práticas para o combate –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
Um fogo sem controle, com labaredas intensas, vistas a mais de 10km de distância, está devastando a vegetação e fauna silvestre na região de Poço e Boca D´Água de Uibaí. Há mais de 72 horas de atividades, a Brigada Voluntária local se encontra exausta e desesperada, sem esperança de controlar o fogo apenas com seus próprios esforços.
“Precisamos urgentemente de uma aeronave que possa nos dar o suporte. Os componentes da nossa brigada são guerreiros, mas estão exaustos. Já são mais de 72 horas de trabalho. O fogo tem avançado muito rapidamente e por trechos de difícil acesso. O mato está muito seco, o clima está quente e o vento intenso. Tá muito difícil pra gente. Precisamos de ajuda aérea urgente”, disse Edimário Machado, membro da Brigada de Uibaí.
De acordo com relato publicado pela UMBU – União Municipal Beneficente de Uibaí, organização social que coordena atividades sociais, culturais e a Brigada, os combatentes controlaram o maior foco do incêndio, que estava ameaçando espalhar o fogo para toda a serra. Mas, infelizmente, novos focos surgiram, um na região da Grota da Bananeira, no sentido da Vila Rica e outros nas imediações do Gasta Sabão, além de grandes volumes de fogo margeando a estrada que dá acesso ao parque eólico.
Ainda de acordo com a nota, “os brigadistas combateram no sábado e domingo, mas a mobilização será improvável no período diurno, durante a semana, pois os mesmos não podem deixar o trabalho para combater o fogo. O enfrentamento durante a noite tem sido perigoso e ineficaz, principalmente porque a região é de difícil acesso”, informa a publicação.
Também noticia que “o impacto ambiental é enorme. Matas de arnica ou cangaieiras em flor, canelas de velho centenárias e muçambês, estão sendo reduzidas a cinzas. O que resta da fauna da serra, que neste período seco se aproxima das áreas mais úmidas nos boqueirões, está sendo queimada com a vegetação.”
Segundo disse Edimário Machado, “do ponto de vista do impacto ao meio ambiente este talvez seja o maior incêndio florestal já visto na serra de Uibaí. E continua fora de controle, podendo alcançar toda a reserva da serra, se não for contido, principalmente a frente de fogo que surgiu no sentido da Vila Rica e Vila Ouro”.
CRIME – Pessoas da comunidade disseram ontem (domingo, 19) aos brigadistas que o fogo teve início em roçado feito por um senhor que reside na comunidade Vila Rica. Segundo os relatos, mesmo desaconselhado, ele fez as coivaras e riscou o palito, dando início deliberadamente a essa tragédia ambiental.
Procurado pela reportagem do site Cultura&Realidade, o secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município, Dorival Machado, não foi localizado para falar sobre o assunto. Sabe-se entretanto, que ele contatou a coordenação da brigada, manifestou preocupação, mas não adotou nenhuma ação prática que pudesse colaborar com a brigada ou ações diretas da prefeitura, para combater a queimada.
A empresa responsável pelos investimentos em energia eólica no município, cuja área de instalação de torres também se encontra na rota do fogo, está alinhada com a brigada, disponível para a logística de abastecimento de aeronaves que estão sendo solicitadas ao governo do Estado, que até o presente momento não se manifestou.
O deputado Jacó (PT) encaminhou ofício ao Inema e contatou os órgãos ambientais, solicitando urgência na oferta de suporte às equipes de combate ao fogo. Até à conclusão desta matéria, nenhum encaminhamento prático por parte do Estado, nem do município, havia ocorrido.
Enquanto isso, a brigada se esforça para minimizar os efeitos da queimada, mas, desta vez, parece está sendo vencida pela força do fogo, que começou, segundo os relatos, com a teimosia de uma pessoa, em riscar um palito de fósforo para uma ação, provavelmente sem regularização ambiental e sem orientação técnica.