– “Os dados de 2020 mostraram mais uma vez a importância do segmento para movimentar o motor econômico do Brasil e da Bahia. O setor agropecuário foi o único que apresentou crescimento, mesmo no cenário de incertezas trazidos pela pandemia da COVID-19.” –
Cultura&Realidade – ARTIGO – Por Humberto Miranda*
Pensar o futuro da Bahia e do Brasil é, sem dúvida alguma, pensar no Agro. A tão esperada retomada do crescimento econômico que, consequentemente, traz geração de emprego e renda, passa indubitavelmente pelo campo – cada vez mais moderno, competitivo, produtivo e rentável. Ano após ano, o setor agropecuário já mostrou a força que vem dos produtores e trabalhadores rurais espalhados por todo esse país, que seguem investindo em tecnologia, conhecimento, organização social e mirando o futuro cada vez mais sustentável.
Como já acontece há alguns anos, os produtores rurais não estão apenas garantindo alimentos com segurança e qualidade na mesa das famílias brasileiras. O agronegócio segue assumindo, com ainda mais força, a posição de liderança em um País que cresce e dá certo. Os números ressaltam a potência que vem do campo – antes estigmatizado como lento e atrasado, agora é sinônimo de futuro.
Na Bahia, o resultado acumulado do agro no Produto Interno Bruto (PIB) foi ainda melhor, apresentando um saldo positivo de 14,2%. No estado, os outros setores produtivos também apresentaram retração: Indústria (-1,3%), Serviços (-6,4%). Esse resultado, extremamente positivo, não surpreende quem vem acompanhando a dinâmica do agro de perto.
Ainda em 2020, o PIB do Agronegócio baiano, que envolve insumos, produção, processamento, distribuição e demais serviços até o consumo final, também registrou expansão – 5,9% na comparação com 2019. O valor total do PIB do Agronegócio foi de R$ 72,7 bilhões, representando 23,8% do total de riquezas geradas no estado.
Outro índice que também denota o excelente desempenho do campo em 2020, no contexto da pandemia, é o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), calculado pelo Ministério da Agricultura, que apresentou um crescimento de 32,8% em relação a 2019, chegando a R$ 30,9 bilhões, o maior volume da história. Os produtos que tiveram maior destaque foram o milho (+116,3%), o café (+76,5%), a soja (+59%) e o ovo (+44,9). E para 2021, a expectativa do Ministério da Agricultura para o VBP da Bahia é ainda melhor: R$ 40 bilhões, que será um aumento de mais de 29% em comparação com 2020.
O Agro e a Geração de Empregos – O ano de 2020 foi, sem dúvida alguma, um dos mais desafiadores para a geração de emprego em todo o mundo. No Brasil e na Bahia, não foi diferente. A pandemia, que afetou a vida de milhares de pessoas, mudou a lógica de todos os setores produtivos, com grandes impactos. Por vários meses foi preciso parar. O resultado disso foi o aumento ainda maior do desemprego no país e no estado. A Bahia fechou o ano com saldo negativo, no geral, de menos 5.307 postos de empregos (resultado das 540.108 admissões contra 545.415 demissões).
Mas no campo, novamente, o setor agropecuário andou contra a maré e apesar de todas as dificuldades impostas pela pandemia, terminou o ano como o setor que teve maior saldo de empregados. Isso aconteceu graças à continuidade dos serviços no campo. Quando boa parte dos setores precisou parar, no campo, essa possibilidade sequer foi levantada. O produtor rural seguiu trabalhando, garantindo que o segmento continuasse produzindo, gerando emprego, contribuindo com a economia e, principalmente, com a sociedade.
Respeitando todas as normas de segurança e adotando protocolos rígidos, os produtores e trabalhadores rurais seguiram em frente. O resultado disso também está em números. O agro fechou ano com saldo positivo: foram 37.176 admissões no ano, contra 34.140 demissões.
O Agro e as Exportações – O setor agropecuário também vem sendo um importante impulsionador das exportações baianos, totalizando US$ 4,1 bilhões ano passado, representando 53% de tudo que foi exportado pela Bahia (aumento de 2,7% em relação ao valor de 2019). Entre os principais destinos das exportações do agronegócio baiano, destacam-se: China, com participação de 47,3%; Estados Unidos, com 6,3%; Alemanha, com 5,1%; e França, 4,1%.
Os números apresentados até aqui demonstram muito mais que o avanço de um setor que há anos vem se destacando nos cenários nacional e estadual. O produtor rural tem investido, ano após ano, incansavelmente, em inovação, tecnologia, gestão e qualificação de mão de obra, em todas as regiões do estado, tornando a Bahia em um dos principais polos da agropecuária brasileira, ocupando cada vez mais espaço na pauta nacional. O setor vive o auge de sua história e tem potencial para ir muito mais longe.
Apesar de todos os desafios enfrentados para tocar o setor, enfrentando as intempéries climáticas, insegurança jurídica, a burocracia exagerada, as pragas que podem atingir a produção, os produtores seguem produzindo mais e gastando menos. E isso não é bom apenas para os produtores, mas sim para toda a sociedade: quanto mais se produz, mais barato o alimento chega na mesa dos baianos.
E com muito orgulho, o Sistema Faeb/Senar faz parte disso. Apesar de todos os desafios impostos pela pandemia, seguimos ao lado dos produtores rurais baianos, defendendo seus interesses e direitos e capacitando a mão de obra rural. Com as restrições causadas pela Covid-19, nos reinventamos. Das aulas virtuais para os jovens dos cursos técnicos em agronegócio e fruticultura, à Assistência Técnica e Gerencial Virtual, lançada durante a pandemia, para continuar oferecendo, gratuitamente, orientações técnicas aos produtores rurais a distância. Também foi criado o Fala Produtor, uma conexão direta entre o Sistema FAEB/SENAR com o campo, através do WhatsApp. Foram diversas medidas adotadas para continuar fortalecendo o campo, respeitando todas as normas sanitárias que o momento pede.
Do campo, lamentamos todas as mortes causadas pela COVID-19, torcendo para que essa pandemia passe o mais rápido possível e se possa voltar à normalidade. Agora, mais do que nunca, é o momento de se renovar e se reinventar, e o produtor rural, que é o verdadeiro protagonista dessa transformação no campo, já sabe disso. É hora de investir ainda mais em tecnologia, pesquisa, capacitação e qualificação das pessoas, por que só assim continuaremos prontos para qualquer desafio que apareça. Esse é, certamente, um dos legados deixados por esse momento tão delicado. E garantimos que independente do cenário que se desenhe, no campo, os produtores estão prontos para continuar ajudando o Brasil a Bahia.