– O engenheiro civil Elmo Vaz, que avançou na política, se elegeu prefeito da maior cidade do Território de Irecê, uma das mais importantes do Estado, se torna a grande revelação da política baiana e esperança do restabelecimento da representação política nativa na Câmara Federal. Ele tem, porém, na varanda de casa, um teste de fogo interno para 2024 –
DA REDAÇÃO I Por João Gonçalves
Os anos de 2015/2016 foi um divisor de águas no processo político de Irecê. Naquele momento, o ex-prefeito Luizinho Sobral, direitista que sempre optou em carreira uno, de modo a não favorecer o surgimento de projetos políticos distintos na sua base, era visto por toda a Bahia como imbatível. Com uma prática excessivamente centralizadora, conduziu a prefeitura em um faz de contas, com obras de fachada e sem prospecção de soluções de problemas crônicos existentes na cidade. Perdeu para a arrogância da fantasia que estabeleceu em torno de si mesmo, a ponto de estabelecer um xeque-mate ao seu projeto, ao impor um candidato a vice-prefeito, estranho à população de Irecê.
Por outro lado, a oposição, historicamente heterogênea, que foi derrotada por ele em 2012, vivia um processo de reconstrução em que os quatro anos pareceram não ter sido prazo suficiente. Ciúmes internos, fogo amigo e vaidades inviabilizaram a unidade em torno de nomes, ou núcleos tradicionais, estabelecendo claramente uma fadiga nas hostes governamentais, quando se tratava de agendamentos com o estado aliado, Rui Costa no comando do Palácio de Ondina, com a liderança de Jaques Wagner, então ex-governador e ministro da defesa, durante a gestão da presidenta Dilma Roussef.
Iniciava-se a construção do projeto eleitoral para 2016, Luizinho candidato naturalmente único em seu grupo e pela oposição, cerca de uma dezena de nomes se colocou à disposição para ser avaliada pelo mosaico partidário. Não havia aderência. Uma agenda do então prefeito com o governador Rui Costa, na governadoria, caiu como uma bomba nas bases oposicionistas. O clima ficou tenso. Definitivamente, as oposições ao sobralismo, desgastadas por si mesmas, precisavam de um novo perfil.
Enquanto isso, Rui e Wagner almoçavam no Ministério da Defesa, tendo como pauta principal a defesa pela permanência de Elmo Vaz na presidência da Codevasf, que vinha desenvolvendo um trabalho executivo reconhecido e premiado por todos os estados assistidos pela empresa. Sua biografia de engenheiro civil na Embasa e outros órgãos do estado, na coordenação de obras estruturantes de grande significado, a exemplo da Adutora do Feijão, conquistou a confiança dos governos petistas na Bahia, o projetando à condição de Presidente da Codevasf, cargo, à época cobiçado por agentes do estado do Piauí, ligados ao centrão, que exigia o cargo como um dos quesitos para aderir à base petista no Congresso Nacional.
Nascia naquele almoço, de certo, a centelha que projetaria Elmo Vaz para as disputas de 2016 em Irecê. Um rápido levantamento nas redes sociais, foi possível identificar diversos aspectos que fizeram entender porque Elmo Vaz se tornou o perfil que uniu as oposições de Irecê e parte da cúpula governamental. Rui Costa vacilou à época, evidenciando dúvidas entre construir um nome do zero e chegou a acenar uma possível adesão ao sobralismo.
Após diversos encontros, debates acalorados, encaminhamentos e agendas públicas dos diferentes pretendentes, finalmente Elmo Vaz adentrou na lista de postulantes, após vencer a batalha de filiação ao PSB, com apoios de intervenções internas e externas para assegurar o seu primeiro ingresso a uma legenda… avançou e foi eleito para o primeiro mandato em outubro de 2016.
OBRAS E AÇÕES MAIS IMPORTANTES
Iniciando o governo com algumas incongruências de gestão política e administrativa, logo se realinhou com algumas mudanças na estrutura do governo e obras de impactos, como o fim do “esgotão do mercadão”, de imensurável valor ambiental, dignidade para a cidade e qualidade de vida para os moradores do entorno. Aos poucos, Elmo foi se revelando um exímio gestor e articulador. Ganhou a credibilidade de diferentes forças políticas do estado, captando recursos importantes e reconstruindo a cidade, expondo a sua visão futurista e inovadora em matéria de gestão pública.
De lá para cá, Irecê não parou de ter obras importantes, com recursos próprios ou conveniadas, como novas vias de acesso, o sistema de macrodrenagem de águas pluviais e esgotamento sanitário da parte alta da cidade, o anel viário, Unacom (tratamento de câncer), Hemodinâmica (tratamento do coração), programa Urbaniza Irecê, com mais de 500 ruas e 15 novas praças, cobertura de 20 quadras poliesportivas, novos prédios escolares e a criação da Cidade do São João, somando ainda, ações e serviços com excelentes indicadores na saúde, educação, assistência social e meio ambiente.
MAS NEM TUDO É ACEITÁVEL
É tudo uma maravilha, um paraíso em plena felicidade? Evidente que não. Muita coisa precisa ser avaliada e reformulada, em diferentes setores e deverá ser motivos de debates. Mas, relativizando o histórico de gestões passadas, não há o que discutir. Os últimos oito anos de gestão pública municipal superou expectativas e tem sido a melhor de todos os tempos.
CONSOLIDAÇÃO DA LIDERANÇA
Os resultados do seu governo e o enfrentamento ao ciclo pandêmico da Covid 19, somados posteriormente às eleições de 2022, nas quais assumiu o protagonismo da grande virada do governador eleito, Jerônimo Rodrigues, no Território de Irecê, o credencia como liderança territorial, que poderá restabelecer a representação política regional nativa, na Câmara Federal, sem ameaçar os projetos existentes de partidos, vereadores e prefeitos. A região de Irecê, que elegeu seu último deputado federal há 29 anos, tem quase 300 mil votos (295.068), o que permite eleger um deputado federal local e todas as tendências manterem seus compromissos. A questão é estratégica e trabalho.
Trata-se de um projeto a ser construído, defendido e acolhido, e, neste momento, a figura do prefeito de Irecê, Elmo Vaz, é a que melhor se enquadra para este processo. Trata-se de uma liderança com capacidade de escuta. Suas decisões podem até não agradar a determinadas expectativas, mas quem poderá agradar a todas? Cabe às bases aliadas, apresentarem propostas convincentes, bem fundamentadas e neste quesito, ele é sempre bom acolhedor, estabelecendo a crença de que, dadas as circunstâncias regionais e capacidade articuladora das organizações sociais, ele poderá ser a grande ponta de lança para a região definir um programa de desenvolvimento inovador, com novas matrizes energéticas e tecnológicas, que possa entender o novo mundo, que clama pela inclusão ecológica no modo de vida, promovendo sincronia entre a natureza, o homem e as suas necessidades fundamentais.
A SUA SUCESSÃO
Se tivesse a possibilidade de uma segunda reeleição, de certo Elmo Vaz seria favorito absoluto, mas está chegando o fim do presente ciclo e ele será substituído. As oposições começam a se articular em reuniões secretas, mas ainda sem evidenciar postulantes.
No mosaico aliado, vários nomes já se encontram em avaliação pelas bases: o vice-prefeito Erício Batista, os vereadores ‘Tertinho’ Libório e ‘Figueiredo’ Amorim, os secretários Jazon Jr e Murilo França e o subsecretário de educação Osvaldo Neiva. Fala-se também no nome do recém eleito deputado estadual Ricardo Rodrigues. Todos buscando um lugar ao sol, na expectativa da unidade, que ainda é um fim distante. Nenhum, até o momento, conseguiu dar liga para a definição.
De certo, estabelecer a unidade do grupo, na prospecção de um nome que possa promover avanços para a cidade, com reflexos no Território de Irecê, será o próximo grande desafio de Elmo Vaz.
Prefeito Elmo Vaz. Cem comparação.