– A cidade que cresceu sem planejamento da sua expansão imobiliária, atrofiando o fluxo natural das águas de chuvas, recebe pela primeira vez, em quase 100 anos da sua existência, uma obra que visa corrigir os principais problemas de drenagem das águas pluviais –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
A cidade de Irecê se torna, a cada dia, mais importante para a economia regional, sendo o portal comercial e prestador de serviços que atende demandas de pelo menos 34 municípios, envolvendo comunidades dos 20 municípios do seu Território de Identidade, da Chapada Diamantina, Jacobina e região de Barra, que somam mais de 950 mil pessoas, e uma população flutuante, em Irecê, de aproximadamente 25 mil pessoas diariamente, em todos os dias úteis da semana.
Ao tempo que se tornou uma referência, a cidade carrega consigo os traumas de uma comunidade que se estabeleceu em uma área acidentada, sob águas e rochas e sem contar com uma expansão imobiliária planejada. Ao longo dos seus quase 100 anos, Irecê cresceu seguindo a espontaneidade das suas demandas imediatas e sem plano de expansão imobiliária, logo, também, sem o de saneamento, soterrando lagos e edificando prédios sobre os cursos de passagens naturais das águas pluviais, sem nenhuma estrutura alternativa eficiente de drenagens.
Instalada em uma leve depressão geográfica, com aparente planície, que se revela um declive, no sentido sul/norte e leste/noroeste dos seus extremos, a cidade se revela um amplo córrego d’água, sempre que chove, com águas fluindo em diferentes direções, enfrentando as barreiras edificadas e delas se desviando, afetando ruas e edificações nas áreas mais baixas.
Apesar dos transtornos anuais, a cidade não registra traumas agudos como os que ocorrem nos diversos centros urbanos em outras regiões do Brasil, onde se vê sucessivas tragédias. A salvação é que as águas inundam e logo se dissipam, porém, deixando seus estragos.
MAIS VOLUME E FORÇA
As pavimentações nas áreas de cima, fazem aumentar o volume e a força das águas, que descem mais velozes e agressivas em seu curso, exigindo do poder público, todos os anos, investimentos de restauração das vias que servem à mobilidade urbana. Em razão da dimensão das deficiências, resultantes da negligência histórica, as intervenções restauradoras, ao longo do tempo, em todos os governos, se revelam paliativas.
Promover obras estruturantes, que possam minimizar os impactos da falta de sistemas de drenagens em Irecê, de modo a se ter no futuro, menos estragos e desconfortos sociais em razão das chuvas, requer altos investimentos, tecnologia e paciência da população, que por força das intervenções, perde sua zona de conforto ao longo das obras, impactando, inclusive, nas suas atividades econômicas. Não tem jeito. “Não tem como fazer a omelete sem quebrar os ovos”.
OBRAS DE MACRODRENAGENS EM CURSO
O atual governo municipal, numa atitude ousada, corajosa (não poderia ser diferente) deu início às obras de macrodrenagens, que prometem resolução de parte significativa dos graves problemas que se eternizaram até o momento. Não discutimos aqui, aspectos técnicos. A natureza deste texto não perpassa ao debate no âmbito da arquitetura urbana ou engenharia civil e ambiental. Mas da iniciativa em busca de soluções.
Idealizada para ser um marco na infraestrutura Urbana de Irecê, a obra é orçada em R$ 30 milhões e utiliza a tecnologia dos tubos de PEAD (polietileno de alta densidade) para criar uma rede de escoamento de águas pluviais. De acordo com o prefeito Elmo Vaz, o Sistema de Macrodrenagem vai sanar o crônico problema dos fluxos da águas pluviais na cidade.
Ao todo, cinco linhas de escoamento vão percorrer ruas e avenidas e assim drenar pontos de alagamentos da cidade:
Linha 1 – Sai das proximidades da nova Praça do Baixão de Sinésia, passa nas imediações do PSF do Loteamento Fernandes, desce pela lateral da Policlínica e vai até a estrada do Mocozeiro.
Linha 2 – Nasce no Jardim Europa, cobre a área do Vivendas e se conecta com a rede do Recanto das Árvores.
Linha 3 – Dedicada especialmente à 1º de Janeiro, começa nas imediações da Schin, contorna o trecho da UPA e desce por toda extensão da avenida, passando pela Rodoviária, segue pelo Clube Atlântico e atravessa a Estrada do Feijão.
Linha 4 – Sai da região do Colégio Polivalente, corta a Praça do São João e se conecta com outra linha que vem da Avenida Santos Lopes, nas imediações do Estádio Joviniano Dourado, chega ao Ginásio de Esportes, de onde vai até a ponte do Júlio Pereira.
Linha 5 – Será instalada a partir da Avenida Raimundo Bonfim, com sentido à Praça CEU e à Rua João Batista, para então ser ligada à Avenida Tertuliano Cambuí e ao Mercadão, descendo pela Av. Júlio Pereira.
Na imagem abaixo, todas as linhas, juntas, como eixos centrais da macrodrenagem.
TECNOLOGIA AJUDOU INSTALAR TUBOS POR BAIXO DA ba 052, SEM DANIFICÁ-LA
“Além da rede principal com 14 mil metros de tubos com 600 até 1500 de diâmetro, a obra também prevê mais 4 mil metros de tubulação com tamanhos menores para realizar a captação secundária no entorno das ruas, formando um sistema integrado e eficiente para evitar alagamentos e preservar a infraestrutura do município”, completou Elmo Vaz numa explicação técnica.
No último final de semana, o secretário de obras, Jazon Junior, acompanhou as obras que atravessaram a BA-052, por baixo da pista asfáltica, sem afetar a sua estrutura, nem interromper os tráfego.
“Após um grande esforço de engenharia, as equipes conseguiram atravessar os 30 metros de extensão da BA-052, sem interferir na superfície, para finalizar a instalação do Bueiro Armco” disse o secretário.
“O trabalho foi muito complexo por conta da quantidade de pedras ao longo do curso. Apesar do desafio, decidimos usar métodos não destrutivos para não prejudicar o fluxo de veículos na rodovia”, esclareceu.
De acordo com o prefeito Elmo Vaz, que é engenheiro civil, “o Bueiro Armco é a tecnologia mais avançada do mercado para saneamento, reforço estrutural e drenagem de águas pluviais”.
Com 2,2 metros de diâmetro, o equipamento é uma peça fundamental para escoamento das águas coletadas pelas linhas do Sistema de Macrodrenagem – obra que segue em ritmo acelerado por vários pontos da cidade.
“Quando concluída, a Rede de Macrodrenagem vai transformar a rotina da nossa querida Irecê, impedindo alagamentos e preservando a infraestrutura da cidade”, garante o gestor.
GALERIA REGISTRA A VISITA DO SECRETÁRIO JAZON NO ACOMPANHAMENTO DAS OBRAS