– Considerada a maior catástrofe natural da cidade, – embora resultante das intervenções humanas, a tragédia que se abate em Petrópolis já supera as ocorridas em anos anteriores –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade*
O desastre vivido pela população da cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é um daqueles que se costuma falar: ‘tragédia anunciada’. Não é a primeira vez que ocorre, o espaço de tempo entre uma e outra era suficiente para as intervenções preventivas, mas a negligência do poder público e da própria população, frente aos riscos previsíveis, fala por sí.
E a cada dia que passa, os números dos indicadores apontam para a maior tragédia da história do município. Segundo informações divulgadas pelo Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira, 21, as mortes devido às chuvas chegaram a 178. O número caracteriza a maior catástrofe da história da cidade, superando a de 1988, quando se registraram 134 mortes.
Os bombeiros entraram no sétimo dia de buscas e tentam resgatar 117 cidadãos ainda desaparecidos. A Polícia Civil deu início a um mutirão de coleta de DNA na tentativa de acelerar o trabalho de identificação das vítimas. Até a manhã desta segunda-feira, 143 corpos haviam sido identificados.
O Ministério Público do Rio e a Polícia Civil trabalham juntos no cadastro dos desaparecidos. Segundo o Corpo de Bombeiros, as equipes de resgate se dividem em três zonas principais da cidade, como os setores Alfa, Bravo e Charlie, localizados em regiões próximas a morros.
A prefeitura de Petrópolis abriu diversos pontos para acolhimento da população que mora em áreas de risco. Esses mesmos locais – em sua maioria, escolas, além de igrejas e clubes – recebem doações e abrigam moradores desalojados.
“Pior chuva desde 1932”
Na última quinta-feira, em visita a Petrópolis, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que essa foi a pior chuva na região desde 1932. “Foram 240 milímetros em duas horas. Foi uma chuva altamente extraordinária”, disse. Na ocasião, Castro afirmou que a cidade vivia “cenas de guerra”.
Fortes chuvas atingiram Petrópolis em 15 de fevereiro, causando inundações, enxurradas e diversos deslizamentos de terra. Em menos de seis horas, algumas partes da cidade receberam até 260 milímetros de água. De acordo com a agência meteorológica MetSul a média pluvial para todo o mês de fevereiro é de 238 milímetros.
Desastres semelhantes causados por chuvas já ocorreram na região serrana fluminense. Em 1988, por exemplo, eles resultaram em 134 mortos em Petrópolis. Em 2011, foram 73 mortes – de um total de 918, contando-se outras cidades da região, principalmente Nova Friburgo e Teresópolis.
Patrimônio histórico afetado
Além das mortes, desaparecidos e centenas de desalojados, as chuvas também causaram danos ao patrimônio histórico de Petrópolis. Entre os prédios danificados estão a Casa da Princesa Isabel e o Palácio Rio Negro.
O Museu Imperial, o mais conhecido da cidade, não sofreu danos, mas, em luto, foi temporariamente fechado. Dois prédios do complexo, onde ficam o refeitório e o vestiário dos funcionários, estão comprometidos em decorrência de um deslizamento no terreno anexo.
A Casa da Princesa Isabel foi a mais danificada: a queda de um muro atingiu uma exposição sobre a colonização germânica em Petrópolis. Um carro levado pela correnteza
(*) – Com informações do portal Climatempo