– No Estado do Amapá, uma professora de federal recusou alunos que apoiam Lula. Mais uma vez a cultura da política do ódio fazendo vítimas. Neste caso, a própria professora e seus alunos –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
Repercutiu esta semana, principalmente nas redes sociais, a postura golpista da atriz Cássia Kiss e do ex-piloto Nelson Piquet, movidos pela política do ódio. Desconsiderando a ausência de qualquer apontamento que ponha em xeque os resultados das eleições, realizadas no último dia 30, eles foram aos movimentos golpistas e se manifestaram em desfavor da democracia.
Nenhuma instituição internacional, nem brasileira, nem mesmo os representantes das Forças Armadas que participam da comissão que acompanha o sistema de auditagem das urnas, aponta qualquer suspeita de irregularidade, o que permite afirmar que o sistema eleitoral brasileiro é correto, seguro, forte, ágil e um sustentáculo da democracia, que só desagrada àqueles de índole golpista e antidemocrática.
Agora, o ato movido pelo ódio ocorreu em um ambiente acadêmico, onde jamais deveria ocorrer. De acordo com o portal UOL, em matéria divulgada nesta quinta-feira, 3, uma professora bolsonarista deixou de orientar alunos de doutorado em Farmácia na Unifap (Universidade Federal do Amapá) após saber que eles não apoiavam o presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a eleição no 2º turno para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A docente, identificada como Sheylla Susan de Almeida, comunicou ontem a decisão unilateral aos doutorandos através de um grupo de WhatsApp. Nas mensagens, obtidas pelo UOL, a professora diz que “não quer esquerdistas no laboratório” de Farmácia.
“Procurem outro professor para orientar vocês. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vocês. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vocês, e que Deus os abençoe”, escreveu a docente.
A professora direcionou a mensagem a dois alunos, mas pediu que sua posição fosse compartilhada com outros estudantes que fossem petistas. “Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo ou contra mim.”
O UOL tenta contato com a docente. A reportagem enviou email e deixou mensagens nas redes sociais da professora, mas ainda não obteve retorno. O texto será atualizado em caso de manifestação.
Uma das alunas dispensadas foi Débora Arraes, de 35 anos. Ela também é professora da UEAP (Universidade do Estado do Amapá), e realiza pesquisa de doutorado na Unifap.
Ela afirma que a orientadora é “declaradamente negacionista” mas que, até então, “nunca havia demonstrado comportamento semelhante” com seus alunos.
A aluna acredita que a professora tenha tomado a medida após ver suas publicações de apoio a Lula nas redes sociais.
“Fiz algumas postagens nas minhas redes sociais, não compartilhei no grupo nem com ela, mas mesmo assim, acredito que em razão dessa foto postada por mim, a professora tomou esse posicionamento”, afirma a discente.
Bolsonarista, professora recebeu bolsa nos governos do PT. Nas redes sociais, a professora costuma publicar mensagens de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, além de atacar as universidades públicas e medidas adotadas contra a pandemia de covid, a exemplo do lockdown e vacinas.
Em uma das publicações, de 26 de janeiro, a professora compartilha uma postagem na qual diz que as máscaras, lockdown e vacinação “não resolveram”. “E se você questionar o fracasso de todas as medidas que garantiram trazer a sua liberdade de volta: negacionista”. As vacinas contra a covid-19 são testadas e aprovadas por órgãos de saúde em várias partes do mundo, a exemplo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em 2021, pouco tempo depois da primeira aplicação do imunizante, diversos países já apresentaram quedas no número de mortes.
Nas redes, a professora ataca as universidades nos governos do PT, mas no currículo Lattes, informa que recebeu bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para cursar o doutorado, entre 2003 a 2008, na UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva. Ela está na Unifap desde 2011.
Universidade diz que vai adotar ‘medidas’. Em nota, a Unifap informou que “tomou conhecimento por meio das redes sociais do fato caracterizado como assédio”.
A instituição fala em “indignação” e que busca “contrapor toda e qualquer forma que reprima o pensamento ou liberdade de nossos acadêmicos e servidores”.
“Registra-se que a Unifap não concorda com tal conduta e os fatos estão sendo apurados, bem como serão adotadas as providências necessárias após as devidas apurações”, concluiu.
Fonte: UOL, G1, CNN Brasil.