– Falta merenda escolar, equipamentos pedagógicos como biblioteca, unidade de inclusão digital, desrespeito ao piso salarial dos professores e até salas de aula sem janelas de ventilação –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
Salas de aula sem ventilação, ausência de alimentação escolar, estruturas decadentes, sem biblioteca física nem centro de inclusão digital, sem uma creche sequer e total desrespeito aos profissionais da educação. Este é o cenário apontado pela diretora do Sindicato dos Servidores Municipais de Cafarnaum, Professora Mariana Almeida de Novais Souza, com licenciatura em filosofia e 20 anos de sala de aula na Rede Municipal de Educação daquele município.
De acordo com as denúncias, confirmadas pela também professora Gislane Honorato, os prejuízos são intensos, prejudicando significativamente os ciclos formativos dos alunos. “Tivemos recentemente profundos prejuízos com a Pandemia, que desestruturou totalmente as metodologias do ensino, afetando a aprendizagem dos alunos e agora, quando precisaríamos investir na recuperação dos saberes do alunado, desde o início das aulas que os professores tem de antecipar a liberação dos alunos por falta de merenda escolar”, afirma Mariana.
Os temas das denúncias sobre a situação da educação em Cafarnaum foram debatidos durante o movimento grevista realizado na última quinta-feira, 2, encerrado com uma caminhada pelas principais ruas do centro da cidade, que teve participação dos profissionais da educação, após um circuito de reuniões com pais e responsáveis em diferentes escolas da rede.
Segundo denúncias dos professores, durante a caminhada, as estruturas das unidades escolares são arcaicas, sem espaços adequados para o bom desenvolvimento pedagógico e há até mesmo salas de aulas sem ventilação. “Algumas delas, por força da pandemia, ganharam janelas improvisadas”, afirma Mariana.
Mariana também comentou que reconhece no secretário de educação, Ari Nascimento, que também é professor da Rede Municipal, as capacidades e habilidades para resolver os problemas da educação do município, “se não for cooptado pela gestão descompromissada”, salientou.
Ela disse ainda que há muito tempo tem aberto o diálogo com a gestão, visando a resolução dos problemas. “A gestão alega falta de recursos para atender as demandas. Porém, estou convencida que o que falta mesmo é compromisso e boa vontade. Por diversas vezes apontamos o caminho para solucionar os problemas verificados e a prefeita não acolhe. Inclusive, ela aponta, através da sua assessoria, que não tem recursos para atender os reajustes do piso salarial, mas o próprio Ministério da Educação, em seus instrumentos administrativos publicados, já deixou claro que o município que comprovar a impossibilidade de atender ao piso, pode reivindicar aporte de recursos federais para complementar. Isso prova o que estamos falando: a gestão não tem compromisso com a educação”, concluiu Mariana Novais.
FALA DA GESTÃO
O site Cultura&Realidade procurou o secretário de Educação Ari Nascimento para se posicionar frente às denúncias apresentadas. Pelo aplicativo de WahtsApp, ele disse que a merenda escolar foi atendida neste início de ano com produtos adquiridos do ano passado, no mês de dezembro, inclusive, segundo ele, os fornecedores estão com o cronograma de entrega de mercadorias para os próximos dias e que a comissão de licitação já providenciou novas compras. “Segunda-feira próxima, 6, serão licitadas as compras dos produtos da Agricultura Familiar e dia 9, a dos produtos industrializados”, disse o secretário.
Sobre a ausência da politica de creche no município, Ari afirmou que retomou em outubro do ano passado o processo de uma creche, que deverá ser concluída ainda este ano. Com referência à precariedade das escolas e suas estruturas arcaicas, ele disse que está retomando a construção de uma escola abandonada pela gestão anterior (8 anos atrás, Sueli já tem mais de 6 anos à frente da Prefeitura), que projetos de novas escolas já estão sendo alinhados com o governo do Estado, sobre as quais “a gente vai dar a devida comunicação na hora certa”, prometeu.
Quanto à pauta da falta de valorização dos professores, ele reconhece a justa reivindicação e ao mesmo tempo afirma que o município está fazendo o que está no seu limite de possibilidades e que o movimento local é político. “Quanto á reivindicação justa de reajuste salarial, tem toda uma tentativa de projeção política (com vistas às eleições de 2024) de um projeto que já nasceu morto e abortado”, pontuou o secretário.
Ainda de acordo com informações repassadas por ele, “nesse intervalo de 13 meses (janeiro 2022 a janeiro 2023) a prefeitura concedeu 15%, sindicato ajuizou mais 18,24% e agora exige 14,95%. Enquanto em média nesse período o valor do FUNDEB cresceu 27%, a categoria quer 48%, sendo que 1/3 dos professores ainda tiveram ano passado mais 5% de progressão por tempo de serviço. Reivindicam aumentos de 48% a 53% sobre a carreira em período de 13 meses”.
Com relação a este anunciado, Mariana rebate: “Não estamos querendo reajuste com recurso próprio do município. Trata-se de uma atualização do piso salarial estabelecida pelo Governo Federal, que já garantiu aos prefeitos e prefeitas que aquele município que não suportar os reajuste do piso, é só apresentar as planilhas comprobatórias de despesas e reivindicar a diferença. Ponto”, concluiu a professora.
GALERIA DE FOTOS DO MANIFESTO E REUNIÕES COM OS PAIS E PROFESSORES, NAS ESCOLAS E NA CÂMARA DE VEREADORES
A fala do secretário de educação de Cafarnaum foi infeliz quando diz que nós professoras (es) tivemos a gratificação de 5% por progressão do tempo de serviço. Não é verdade porque o período que teremos direito a essa gratificação ocorrerá em março do ano que vem. As ações equivocadas da gestão educacional da equipe em Cafarnaum ocorre de diversas formas, a prefeita abriu a casa dos Conselhos ligados a secretaria de educação e o atual secretário quer fechar e por os mesmos dentro da secretaria de infra estrutura que para além de não possuir nem um vínculo, o espaço é totalmente inapropriado. Estamos há mais de dois anos sem formação continuada, e a equipe da prefeitura vai a uma rádio dizer que o problema é nosso plano garantir gratificação por formação, que tipo de profissionais essa gestão quer? Professores desinformados e somente com sua formação inicial? Temos o sentimento que estamos vivendo um período de retrocesso educacional em nosso município. A nossa luta enquanto categoria não é guerrinha politiqueira, a nossa luta é para que essa equipe não destrua nosso Plano de Cargos e Salários e que a lei do Piso nacional de professores seja cumprida.