– Após uma boa parte de pré-campanha, Jaques Wagner (PT) desistiu de disputar o seu retorno ao trono do Palácio de Ondina, compreendendo que seria melhor passar o bastão ao seu leal amigo, o senador Otto Alencar (PSD), que nunca admitiu claramente, mas já acenava para um aceite. Mas nesta segunda-feira, tudo voltou à estaca zero –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
O ex-governador e atual senador Jaques Wagner alegou idade e questões pessoais, para justificar, quinze dias atrás, a sua desistência da disputa pelo Palácio de Ondina, contra o ex-prefeito de Salvador e herdeiro do carlismo, ACM Neto (NB).
O seu gesto teve como condão, a manutenção da aliança do grupo que vem governando a Bahia há 16 anos, formada pelo PT, PSB, PCdoB, PP e PSD, dentre outros. A trinca temida pelo ex-governador, teria sido a decisão de Rui Costa, que pretendia disputar a vaga para o Senado, o que deixaria Otto de fora da chapa. Wagner, então, se retraiu, garantindo a manutenção de Otto na majoritária governista.
Em uma reunião ocorrida em São Paulo, entre Lula, Wagner e Otto a estratégia foi selada: Rui iria disputar ao Senado, Wagner coordenaria a campanha de Lula e Otto enfrentaria a corrida ao governo da Bahia. Porém, faltou combinar com as bases partidárias e vários sub-caciques do PT resistiram.
Otto, preventivamente, nunca anunciou outro projeto que não fosse o da sua reeleição como senador, apesar de ter mirado indiretamente, com discursos bem dirigidos, o aceite. “Nunca desisti da minha reeleição para o Senado. Para disputar o governo do estado, somente aceitaria com todos os partidos alinhados, sem rachas internos”, preveniu.
Fez certo o Senador Otto. Na manhã desta segunda-feira, o ex-governador Jaques Wagner, durante uma entrevista da rádio Metrópole, desmanchou tudo e anunciou a reviravolta na definição da chapa. “No sábado tivemos a última conversa. Ele [Otto] não demonstrava tesão para fazer a campanha”, disse Wagner.
Com a mudança o PT deve ficar na cabeça de chapa e são três nomes que disputam a vaga: a prefeita de Lauro de Freitas Moema Gramacho, o secretário de Relações Institucionais Luiz Caetano e o secretário de Educação Jerônimo Rodrigues.
“Eu escolhi o nome de Rui contra até o Lula. E aí Lula quando escolheu a sucessão escolheu Dilma que ninguém achava que era o melhor nome. Temos três bons nomes, dois deles muito testados eleitoralmente, Caetano já ganhou três ou quatro em Camaçari, Moema quatro em Lauro de Freitas e Jerônimo é um cabra de Feira que tem sucesso absoluto em tudo que pega para fazer”, justificou Wagner.
“Qualquer nome que colocar apoiado por Lula, sai de 30%. Não estou falando de chutar, é de pesquisa. Pode colocar Caetano, Moema, qualquer um. Toda campanha é uma construção, nós vamos ganhar a eleição, com absoluta certeza. Eu conheço um pouco disso, respeito o adversário, mas não vejo grupo político ali, ele vive muito em nome do avô”, completou Wagner.
Durante a conversa, Wagner também confirmou a primeira movimentação sugerida dentro do grupo, capitaneada por ele mesmo, com o nome do governador Rui Costa ao senado e o de Otto Alencar como candidato ao governo do estado. “Meu nome estava colocado, eu tomei a decisão que para mim era muito mais importante estar com Lula na reconstrução do Brasil a partir do ano que vem. […] Comuniquei a Rui que eu não manteria minha candidatura e a gente teria que montar uma estratégia. Óbvio que ia ter choro, choro de carinho das pessoas ‘Galego não nos deixe'”, sinalizou.
“Montamos uma primeira estratégia, que seria para fortalecer a chapa, Rui ser senador. E em consequência puxaria Otto para candidatura a governador. E o PP, com Rui saindo João Leão sentaria nove meses na cadeira, eles disseram ‘tudo bem’, isso e mais algumas negociações, a vice seria deles, etc. Era essa a primeira estratégia que eu tinha montado. Ia ter a figura de Rui na chapa. Fui para meu partido e expliquei, óbvio que o PT não acolheu isso no primeiro momento porque tirar um vermelho para colocar o azul na cabeça de chapa”, finalizou.
Elmo boa pedida