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Desagravo público ao pescoço

REDATOR by REDATOR
9 de julho de 2021
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Arlicélio Paiva

Desde que o mundo é mundo, o pescoço vem sendo defenestrado, colocado em posição de desimportância e usado como exemplo ruim. Por essa razão, o presente texto tem a pretensão de, ao menos, tentar reparar as ultrajantes referências a essa importante parte do corpo humano.

A sabedoria popular utiliza de metáforas com a palavra “pescoço”, todas elas para se referir a uma situação maldosa. Quando se lida com uma pessoa difícil, um sujeito que não presta e que tem um mau caráter, diz-se que o fulano é “Carne de pescoço”. No caso de uma pessoa que muda de comportamento, passando a ser autoritária após receber alguma promoção ou um novo cargo onde trabalha, refere-se como “Está de pescoço grosso”. Pessoas que se encontram em situação ruim são referidas como se estivessem “Com a corda no pescoço”. O pescoço também entra na frase para significar um jogo de futebol violento, no qual os jogadores são agressivos – “Do pescoço pra baixo é tudo canela”. Ele aparece no momento de ira, em que alguém deseja estrangular ou matar outra pessoa e, nesse caso, diz-se que vai “Torcer o pescoço”. Os desatentos e os esquecidos são agraciados com a frase “Só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço”.

Até na música o coitado do pescoço é desprivilegiado, como acontece na composição “Chupadinha” de autoria de Hiago Nobre, Kinho Chefão, Robson Lima, Saymon Marques de Santana Carneiro e Shylton Fernandes, cantada pelo grupo “Os Barões da Pisadinha” – “Eu vou deixar você ir embora / Mas com minha marca no seu pescoço / Agora o seu namorado vai saber / Que você tem outro”.

O pescoço é um dos pontos fracos do corpo humano e, por isso, foi usado durante longos anos pelos carrascos para ceifar a vida de pessoas. Os condenados eram levados à forca ou degolados.

Do ponto de vista anatômico, o pescoço liga a cabeça ao tronco e contém numerosas estruturas vitais que são responsáveis pela respiração, fala, deglutição, regulação do metabolismo, suporte e conexão do cérebro e coluna cervical e influxo e fluxo circulatório e linfático da cabeça. Ele é formado por vértebras e músculos que o protegem, dão sustentação e movimento. O pescoço contém glândulas, laringe, faringe e traqueia. Ele abriga as artérias que fornecem sangue do coração ao cérebro e os nervos, que são feixes de fibras condutoras da sensibilidade e do movimento.

O pescoço tem que ser enaltecido. Sabe-se que a função desempenhada por ele é de extrema importância. Mas, não se pode esquecer da sua elegância, como nas girafas, que possuem pescoços incrivelmente longos, chegando a atingir mais de dois metros de comprimento, representando quase metade da altura. Da mesma forma que nos humanos, o pescoço das girafas tem sete vértebras, embora de tamanho muito maior.

Evidências científicas demonstraram que a África passou por uma grande seca entre 12-14 milhões de anos, quando suas florestas se transformaram em savanas. Com a escassez da vegetação, restaram somente as folhagens mais altas, favorecendo apenas as girafas de pescoços mais longos. Outra teoria é a de que os machos usam o pescoço para bater uns nos outros; com o passar dos milhões de anos, restaram apenas os de pescoço mais compridos e mais fortes. Independente de teorias para justificar a atuação da seleção natural nas girafas, o fato é que elas são um animal que possui elegância de se portar, graças ao seu pescoço.

O pescoço das aves apresenta curiosidades, como a coruja que consegue girar o pescoço num ângulo de 270°, conseguindo ver completamente o que está acontecendo atrás sem mover o corpo. Outras aves exibem sua esbelteza graças ao comprimento do pescoço, como o cisne, cegonha, flamingo, ganso, ema, avestruz, dentre outras.

Desde o século XI que mulheres das tribos Kayan, em Mianmar, e Ndebele, na África do Sul, usam anéis metálicos para alongar seus pescoços. Supostamente, esses anéis servem para tornar as mulheres menos atraentes, evitando o sequestro por homens de tribos vizinhas, como também para protegê-las contra ataques de tigres que, geralmente, ocorrem no pescoço. A pressão exercida pelos anéis empurra a clavícula para baixo, dando a impressão de que o pescoço fica mais longo. Em vez de ficarem menos atraentes, as mulheres com pescoço aparentemente alongado apresentam visual considerado bonito e elegante.

Em todo o mundo, mulheres aproveitam do pescoço para se tornarem mais charmosas, pendurando colares ou enrolando cachecóis. Homens também aproveitam da mesma situação para ficar garbosos e prendem gravatas no pescoço. Ambos aproveitam do pescoço para borrifar o perfume favorito, sabendo que o abraço na pessoa amada vai unir o nariz de um ao pescoço do outro, truque certeiro para os encontros amorosos.

A última tentativa de retratar as afrontas sofridas pelo pescoço é ressaltar que existe um ponto de fraqueza humana localizado na parte de trás do pescoço, onde ele recebe um nome especial, passando a ser chamado de “cangote”. Exatamente nessa posição do pescoço, o tal “cheiro no cangote”, que vai muito mais do que apenas sentir a fragrância do perfume, torna-se a “Arma feita pra ‘amulecer’ as pernas, ‘arrupiar’ os cabelos e derreter o coração” (Signos Nordestinos).

Arlicélio Paiva é professor doutor da UESC, Ilhéus, Bahia. *

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