– A experiência, além de expandir o horizonte dos estudantes, também abriu portas para futuras oportunidades, mostrando o potencial brilhante da juventude científica do IFBA – Campus Irecê.
DA REDAÇÃO | Cultura&Realidade – por Juliano Carmo*
Os estudantes do Instituto Federal da Bahia, IFBA Campus Irecê, participaram da 46° Jornada de Foguetes em Barra do Piraí, Rio de Janeiro, entre os dias 2 a 5 de outubro. Eles conquistaram duas menções honrosas e uma medalha de prata nacional. O evento é vinculado a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) é a parte lúdica desse projeto.
Maria Mariana, 17 anos, é estudante de Eletromecânica e integra a equipe “Flexa de Orion”, que recebeu menção honrosa da competição. Ela diz que chegou ao curso este ano e desde então essa foi uma das mais importantes experiências que teve. “A Jornada pôde abrir muitos horizontes, e eu sigo rearfimando que o conhecimento é a coisa mais importante da nossa vida, afinal, é algo que ninguém tira de nós”, pontua.
Ela ressalta que “a Jornada de Foguetes é um marco que sempre ficará na memória, principalmente para a minha formação acadêmica. Dentro desse evento, eu pude ter experiências práticas que nenhum lugar me proporcionaria”, completa. A estudante afirma que para quem quer seguir nessa área, sabe como é relevante ter contato com algo tão grande assim.
George Loula é físico por formação pela UFCG, mestre e doutorando em Física pela Unicamp. Atualmente coordena o curso técnico em Eletromecânica, integrado ao Ensino Médio, ministra a disciplina de Física neste curso e no de Tecnologia em Manutenção Industrial. É ele quem coordena e orienta o projeto, batizado pelos estudantes como ChapadaProg. De acordo com o professor, “na parte do projeto que envolve o lançamento de foguetes, nós, os professores orientadores, buscamos agregar conhecimentos interdisciplinares de física e química de forma prática e lúdica. Calculamos, por exemplo, o alcance dos foguetes em função do ângulo de lançamento, discutimos sobre pressão manométrica, força de resistência do ar (aerodinâmica dos foguetes), energia liberada nas reações químicas, dentre outros conceitos”, explica.
O estudante de Eletromecânica Maicon Queiroz, 18 anos, membro da equipe “Guiados por Vênus” ressalta que o evento é de suma importância para sua formação acadêmica e humana. “Tivemos contato com alunos e professores de todo o Brasil, vimos muitas ideias diferentes e também inovadoras que ampliaram nossos horizontes para a construção de foguetes. Tivemos também palestras sobre a Evolução Estelar, sobre a elaboração de foguetes de propulsão sólida e sobre os foguetes Brasileiros Atom e Karma que disputaram olimpíadas internacionais”, disse, entusiasmado.
O estudante também pontua os desafios da viagem que reforça o sabor da conquista. “A experiência de cruzar o Brasil dentro de uma van com os espaços contados também foi algo importante, claro que ninguém gostaria de passar dois dias indo da Bahia para o Rio de Janeiro e mais dois dias para voltar em um banco a 90°, porém isso nos ensinou a ter mais responsabilidade e para que possamos fazer coisas grandes exige certo sacrifício”.
O professor Victor Rios é ex-aluno do antigo CEFET, hoje IFBA – Campus Salvador, licenciado em Física pela UFBA e mestre em Física pela UESC. Ele relata sobre como ocorreu sua inserção no projeto e diz que tudo começou quando notou uma movimentação interessante dos estudantes no Laboratório de Física já no primeiro semestre do ano passado. “Eles estavam reaproveitando algumas coisas herdadas de uma experiência anterior com lançamentos de foguetes artesanais no campus Irecê. Então, orientados pelo professor George, esse grupo deu início aos trabalhos de confecção de novos foguetes e de novas bases de lançamento. Logo em seguida vieram os testes de lançamento. Foi assim que me aproximei dessa experiência e acabei fazendo parte desse time, auxiliando o professor George no acompanhamento das atividades”, conta.
O professor fala que nos bastidores, houve muito trabalho duro no aprimoramento das bases, dos foguetes e dos procedimentos de lançamento. “Tive o privilégio de participar de boa parte desse processo, discutindo ideias para melhorar a performance e auxiliando nos testes. Uso aqui o termo ‘privilégio’ porque é nesse contexto que emerge, de fato, a atividade científica propriamente dita, na qual lidamos com problemas ainda ‘em aberto’, cuja solução exige uma boa dose de criatividade, paciência e atenção”, pondera.
A experiência, além de expandir o horizonte dos estudantes, também abriu portas para futuras oportunidades, mostrando o potencial brilhante da juventude científica do IFBA – Campus Irecê. Ainda segundo o professor George, “o projeto ajuda também na redução de resíduos plásticos na natureza, pois, nossos foguetes são fabricados com garrafas pets, que normalmente são descartados de forma equivocada no meio-ambiente”, explica.
OS ESTUDANTES, SUAS EQUIPES E AS CONQUISTAS
A equipe “Rocket Stars” – Dan Alves Lins, Lucas Medrado Santos e Samuel Santos Almeida da Silva – conquistaram a medalha de prata, sendo reconhecida como vice-campeã nacional na competição de lançamento de foguetes.
A equipe “Flexa de Orion” – Ana Carolina Santos Alecrim, Maria Mariana Sena da Cruz e Heberty de Souza Pinto – receberam uma Menção Honrosa por seus bons lançamentos.
A equipe “Guiados por Vênus” – Larissa Pereira Leanor, Maicon Queiroz Barbosa e Thiago Souza Cunha – receberam uma Menção Honrosa. “Apesar de alguns desafios enfrentados durante os lançamentos, a equipe deu o seu melhor dentro das circunstâncias e foi reconhecida por seus esforços”, pontuou George.
DESAFIOS INTERNACIONAIS À VISTA
Maicon revelou à reportagem que durante o retorno da viagem estavam jogando pebolim em uma pousada em Minas Gerais, quando recebeu uma mensagem por celular que vinha de Denise Castro, professora de Matemática do Campus do IFBA em Irecê. “A professora nos informou que o resultado de uma Olimpíada de Matemática que nossa equipe participou no começo do ano (OIMSF – Olimpíada Internacional de Matemática Sem Fronteiras) teve como resultado a oportunidade de participar de uma Olimpíada Internacional na Tailândia”, contou, feliz.
A equipe selecionada é composta por Aline Costa de Oliveira, Maicon Queiroz Barbosa, Pedro Henrique Soares Coutinho Costa, Phanttyny Verônica Souza Santos, Thiago Souza Cunha, Thiago de Sousa Pereira. “Agora, estamos correndo atrás de recursos para viabilizar nossa viagem prevista para fevereiro de 2024, caso tudo ocorra bem”, revelou o estudante.
* Jornalista em Multimeios
GALERIA – Fotos: Ifba/Irecê
