– A previsão para os próximos meses é de muitas chuvas, com regiões castigadas por prolongadas estiagens em anos anteriores, não se descartando um novo ciclone no Sul (já teve um recente) ao contrário do que fora registrado em outras regiões nos anos anteriores. Os efeitos do fenômeno devem durar de 9 a 12 meses e afetar a produção de alimentos em todo o mundo –
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
A coluna ‘Ciência e Espaço’ da plataforma ‘Olhar Digital’, divulgou nesta segunda-feira, 18, indicadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ressaltando o alerta para um dos mais graves El Niño da série histórica do fenômeno.
“Apesar do estrago climático em partes do Brasil nas últimas semanas (episódio no Rio Grande do Sul), o fenômeno climático ainda não chegou em seu auge”, dizem os indicadores do órgão. De acordo com a publicação, elaborada pelo jornalista Lucas Soares, o Super El Niño ainda está apenas no começo.
Segundo o ministério, situações similares ao recente ciclone no Rio Grande do Sul podem ocorrer nos próximos meses. A previsão é de chuvas acima da média para o sul do Brasil até novembro, com cerca de 100 municípios gaúchos já tendo sido afetados pelas inundações decorrentes das precipitações históricas.
De acordo com a OMM – Organização Meteorológica Mundial, o fenômeno climático tem 80% de probabilidade de se formar até setembro deste ano. Ele ocorre em média a cada dois a sete anos, e os episódios geralmente duram de nove a 12 meses.
Além do calor, o El Niño deve aumentar a seca ou chuvas em diferentes partes do mundo. Isso pode trazer alívio da seca no Chifre da África e outros impactos relacionados ao La Niña, mas também pode desencadear eventos climáticos e climáticos mais extremos.
O centro de monitoramento aponta ainda, que um sistema frontal com características quase estacionárias, foi o principal responsável pelas chuvas intensas e que a combinação de uma frente fria proveniente da Argentina, com um sistema de baixa pressão atmosférica, contribuiu para as chuvas de quase 300 milímetros. “O aumento das temperaturas nas proximidades do Equador amplia a diferença térmica entre as latitudes equatoriais e polares, o que traz como consequência uma maior intensidade e estabilidade dos ‘jatos’, que são canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que controlam o comportamento das frentes frias”, diz um trecho da nota do o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
“Assim, durante anos do El Niño, esses jatos tendem a se posicionar sobre a Região Sul, motivando a alta frequência de passagens frontais sobre essa região e, em decorrência, um maior acumulado pluviométrico”, completa ainda o órgão.
Entenda o Super El Niño
O El Niño deixa a atmosfera mais quente, o que o conecta a outros fenômenos naturais, piorando questões relacionadas ao aquecimento global. Some isso ainda à atual onda de calor, que, entre 1998 e 2017, mataram mais de 166 mil pessoas no mundo todo, segundo dados da OMS – e seguem “atacando” nos EUA e Europa, por exemplo.
No Brasil, o El Niño deve provocar chuvas ainda mais intensas na região sul. Isso se deve porque oceanos mais quentes auxiliam na injeção de mais água na atmosfera, estimulando a formação de mais chuva.
“El Niño é basicamente uma mudança na força e direção dos ventos alísios que sopram do Leste para o Oeste no Oceano Pacífico, o que faz com que a água quente encontrada na parte ocidental do Oceano Pacífico se mova para a região central e oriental do Pacífico”, explica Ángel Adames Corraliza, professor de ciências atmosféricas da Universidade de Wisconsin, nos EUA, à BBC News.
Em contextos de El Niño, os ciclos chuvosos são alterados, tornando áreas mais chuvosas antes dele, em regiões com baixas precipitações, e, em contrário, as localidades afetadas por longas estiagens passam a receber maior volume de chuvas.